Fornecer de forma gratuita rastreamento e tratamento preventivo para o câncer colorretal (CCR). Este é o objetivo da ação capitaneada pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED), Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), e que pretende levar à população das 26 ilhas do arquipélago de Cairu, no estado da Bahia, uma força-tarefa de prevenção à doença.
Voltada a pacientes entre 50 e 70 anos de idade, a iniciativa integra o conjunto de atividades da campanha Março Azul, mês de conscientização sobre uma das neoplasias mais frequentes na população brasileira. O projeto em Cairu, coração do Março Azul 2023, é uma ação pioneira na Bahia e fará parte do conjunto de atividades da campanha anual de prevenção do câncer de intestino grosso e reto.
Ao todo, as ilhas de Cairu totalizam cerca de 18.500 habitantes. Durante a segunda quinzena de janeiro, a expectativa é realizar exames de sangue oculto em pelo menos 2.500 moradores da região. Quase 120 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros e agentes comunitários atuarão nas ilhas do arquipélago para alertar os moradores sobre a doença.
Após essa triagem, os pacientes com teste positivo no chamado “exame de fezes” serão submetidos à colonoscopia, procedimento de captura de imagem por meio do qual é possível constatar e tratar alterações no intestino ou reto. Os casos detectados com o câncer serão encaminhados para tratamento imediato.
“Vamos realizar as colonoscopias dos pacientes com sangue oculto positivo, removendo as lesões benignas que forem encontradas. Os pacientes com diagnóstico de lesões mais complexas ou câncer serão direcionados aos centros de referência na Bahia para o tratamento específico”, esclarece o médico Victor Galvão, um dos coordenadores da ação em Cairu.
O médico cirurgião e colonoscopista Marcelo Averbach, um dos idealizadores da expedição, explica que a escolha da região como centro dos esforços do Março Azul 2023 tem suas razões ancoradas na geografia e também em fatores socioeconômicos. “A dificuldade de acesso e a carência da população de Cairu por recursos e informações sobre a doença torna essa ação social pertinente e necessária. Acreditamos que teremos resultados realmente transformadores naquela localidade”, disse.
PREVALÊNCIA – Apesar de pouco divulgado, o câncer que atinge o intestino grosso ou o reto é um dos que mais matam homens e mulheres no Brasil. Estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indica o surgimento de 45 mil novos casos por ano de câncer de intestino, ou câncer colorretal, no País.
No geral, aproximadamente 85% dos casos são diagnosticados em fase avançada e, por isso, as ações preventivas são fundamentais para a chance de cura, atingindo 90% de sucesso nos casos descobertos no início. Na avaliação do presidente da SOBED, Herberth Toledo, os dados revelam um cenário alarmante, que exige amplo engajamento do poder público, dos profissionais de saúde e de toda a sociedade em torno do problema.
“É fundamental investir cada vez mais em ações práticas e no esclarecimento da população. Para os próximos anos, está prevista a elevação das taxas de mortalidade relacionadas ao CCR, principalmente por causa do processo de envelhecimento em curso no Brasil. A SOBED, a SBCP e a FBG têm reforçado a importância das consultas regulares ao médico e da conscientização sobre o tema, uma vez que o câncer colorretal, se diagnosticado precocemente, tem tratamento e cura”, conclui.
FATORES DE RISCO – Existem algumas condições que são consideradas de maior risco para o desenvolvimento do CCR sendo a de maior importância a idade avançada. Cerca de 90% dos casos são diagnosticados em pessoas com mais de 50 anos, assim pessoas na faixa etária entre 80 e 84 anos tem um risco sete vezes maior do que a população entre 50 e 54 anos.
Fatores dietéticos como dieta rica em gorduras animais e proteínas se relacionam com maior risco de desenvolvimento do tumor. Por outro lado, o consumo de fibras alimentares é considerado como fator protetor para o CCR.
Outras situações consideradas de risco são: obesidade, sedentarismo, consumo de cigarro e álcool em excesso.
Além disso, fatores familiares também podem aumentar o risco para desenvolver esses tumores, tais quais ter parentes diagnosticados com CCR ou pólipos do intestino grosso, doenças inflamatórias intestinais, tumores ou pólipos do cólon previamente tratados.