Durante a pandemia, foi necessário aumentar o número de contratações de profissionais no ecossistema da saúde. O cenário de escassez de mão de obra revelou-se tão grande que muitos profissionais já afastados do mercado retornaram e, outros que mal tinham concluído os cursos, foram para a linha de frente. Inclusive, tamanha era a carência, que o Ministério da Educação (MEC) autorizou a formatura antecipada de alunos dos cursos de medicina, enfermagem, farmácia e fisioterapia, exclusivamente para atuação desses profissionais nas ações de combate ao novo Coronavírus.
Além disso, o grande número de informações a respeito da doença era assustador. A cada semana mudavam as referências, as diretrizes, os protocolos. Para complicar ainda mais, a decisão clínica muitas vezes estava concentrada na mão de um médico não especialista, sob pressão, mais sobrecarregado do que o normal e muito mais suscetível a dúvidas.
Manter todos na “mesma página” tornou-se um desafio até mesmo para as instituições habituadas a trabalharem com corpo clínico aberto. Por outro lado, enalteceu ainda mais a necessidade e a importância da capacitação de profissionais da saúde. Evidências clínicas nunca foram tão necessárias.
Algumas perguntas cabem neste contexto: como equilibrar esse gap entre níveis de conhecimento, em um pico de demanda e em um sistema de saúde ainda mais fragilizado? Até que ponto sanar as dúvidas contando apenas com recursos da própria casa é produtivo? Como levar informações e evidência clínicas atualizadas a todos? E os protocolos clínicos qual a melhor forma de atualizá-los?
A medicina baseada em evidências e a tecnologia de alguma forma estão presentes em todas as respostas a estas questões. Seja em momentos críticos, como os de pandemia, ou no dia a dia de hospitais que atuam com corpo clínico aberto, por exemplo.
A uniformização de protocolos clínicos e a disseminação desses conteúdos entre todos os profissionais é sempre um grande facilitador. Mas, um fator chave à adesão é fazer com essas condutas cheguem quase que naturalmente aos profissionais, evidenciando os seus benefícios, mas sem imposições. Ou seja, o importante é oferecer o suporte adequado, para que onde estiver, o profissional possa acessar conteúdo de qualidade sobre sua especialidade e outras informações que julgar necessárias, mas, sempre deixando a palavra-final do diagnóstico em suas mãos.
Por tudo isso, soluções que combinem inteligência artificial, informações baseadas em evidências clínicas, com experiência clínica e especificidades de cada paciente, são bem eficientes nesse processo. Elas ajudam a responder ao desafio de criar, manter e garantir a adoção de padrões para o tratamento de doenças, incluindo as de maior variabilidade, ajudando os profissionais da saúde a entregarem cuidados consistentes, de alta qualidade e efetivos, além de trazer maior segurança para o paciente.
A ideia é não só simplificar o processo de atendimento, como ajudar o profissional da saúde a estabelecer um fluxo de tomada de decisão mais interativo e chegar a conclusões mais assertivas sobre os seus pacientes, inclusive do ponto de vista de diagnósticos laboratoriais.
Em suma, a qualidade do atendimento e a homogeneidade do conhecimento resultam de uma jornada de processos, otimizações e práticas dentro de hospitais que devem ser continuamente aprimoradas. A disseminação de conteúdo de forma nivelada, implementação de protocolos atualizados com base em evidências clínicas, acesso remoto a aplicações, adoção de prontuários eletrônicos e sistemas informatizados de gestão, entre outros fatores, certamente serão de grande valia para que todos estejam na mesma página.
Juliana Gomes é líder de novos negócios e projetos da Wolters Kluwer Health no Brasil