Vivemos um momento atípico no país que põe a prova a forma como o ser humano lida com as limitações de ir e vir, de espaço, de sociabilidade e de convivência entre as pessoas.
Humanizar a ação nos espaços de casa e do trabalho é o maior desafio em tempo de pandemia. Por isso, a Pró-Saúde atentou-se aos cuidados dos seus colaboradores, principalmente os que estão atuando na linha de frente do cuidado ao paciente.
Em situações como esta, é preciso pensar a humanização em sua condição mais ampla, conforme prevê a Política Nacional de Humanização: cuidado ao paciente, família e equipe.
Apesar da necessidade de se atentar ao impacto emocional sofrido pelos usuários frente a pandemia, é ainda mais importante prevenir e intervir no impacto causado aos profissionais de saúde.
A Pró-Saúde, por preconizar um dos seus valores a humanização, pensou em atitudes solidárias e humanizadas aos seus colaboradores, disponibilizando um canal de comunicação no portal on-line, para que amigos, familiares e colegas possam deixar vídeos, palavras, mensagens de apoio e solidariedade aos profissionais de saúde.
Outro fator importante neste período é a saúde mental dos profissionais. Um vídeo produzido pela entidade com diferentes psicólogos que atuam nas unidades de saúde, compartilha dicas e fala sobre a importância desses cuidados.
Os psicólogos têm o papel de mediador, identificando as principais demandas que geram impacto na saúde mental, dando suporte de modo direto no processo de adoecimento e de incremento dos recursos de enfrentamento dos envolvidos.
Diante deste universo, entendemos a importância do esforço coletivo e contínuo dos profissionais. Para a organização, o capital humano tem que ser cuidado e valorizado, com atenção à saúde e às necessidades do momento.
O cuidado estende-se a este profissional que atua cotidianamente amparado pelas práticas de humanização e compromisso com valores consolidados de bem comum — fica evidente a indissociabilidade deste plano individual do plano coletivo.
Sabemos que a relação de cuidado entra nas três dimensões — paciente, família e profissionais de saúde, mas, neste caso, queremos atingir a individualidade deste cuidado.
Pensando neste profissional como ser único, como sujeito de “de carne e osso” que constitui este coletivo, mas que necessita de um olhar mais próximo, acolhedor e empático.
Esta relação mais próxima reflete na atuação no coletivo, no ambiente de trabalho com pacientes, familiares e pares, cria um clima mais harmônico e leve.
Não se cuida efetivamente de colaboradores sem cuidar e refletir as necessidades das pessoas, das populações. Não há verdadeira saúde pública ou privada que não passe por um atento cuidado de cada um de seus sujeitos.
Valdirene Carrera é Coordenadora de Filantropia da Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar e especialista em Saúde Pública