Artigo – Traqueostomia em crianças: sucesso do tratamento permite retomada de atividades com qualidade de vida

Liberar as vias aéreas, permitindo a respiração, é o objetivo da traqueostomia. É uma alternativa para estabelecer a respiração de pacientes que apresentam obstrução à passagem de ar na laringe.

Esse problema pode ser causado pela intubação de bebês na UTI neonatal. Há outras crianças que, em decorrência de doenças neurológicas, epilepsia e paralisia cerebral, podem necessitar do tratamento.

Nos casos mais graves, a criança pode apresentar um conjunto de sinais e sintomas que evidencia o comprometimento das vias aéreas como: ruído e desconforto respiratórios, coloração arroxeada dos lábios e dos dedos, palidez, sudorese, apatia e taquicardia.

No mês em que chamamos a atenção para o Dia Nacional da Criança Traqueostomizada (18/02), o Sabará Hospital Infantil comemora mais de 100 crianças que foram tratadas e felizmente retiradas as traqueostomia, fruto do trabalho dos especialista do nosso Programa Aerodigestivo.

Pela nossa experiência, a cada 100 crianças intubadas em UTI, duas precisam de traqueostomia para dar continuidade ao tratamento. Existem poucos serviços no Brasil especializados no tratamento destas crianças, o que evidencia um problema de saúde pública. No Brasil, 20% a 30% de crianças com traqueostomia acabam falecendo por falta de assistência ou perda acidental da cânula de traqueostomia, que leva à criança à morte imediatamente. Nos Estados Unidos, a taxa de mortalidade é inferior a 20%.

Entretanto, o número de crianças tratadas e curadas da traqueostomia, ou seja, volta a ter o pescocinho livre, tem aumentado ao longo dos anos. Das 114 crianças tratadas em nossa Linha de Cuidados de alta complexidade do Aerodigestivo, 95% delas estão com o pescocinho livre e aos poucos, retomam as suas atividades do dia a dia.

Com uma equipe multiprofissional composta por pneumopediatra, gastropediatra, fonoaudióloga, nutróloga e otorrinolaringologista cirurgião especialista de vias aéreas – chamado de Programa Aerodigestivo – atende não só crianças que precisam de traqueostomia como também as que apresentam algum grau de dificuldade respiratória e de deglutição.

A traqueostomia tem um grande impacto na vida da criança e da família, já que o procedimento interfere na vida social, física e psicológica da criança, desencadeando também dificuldades para a família e cuidadores. Por esse motivo, o pescocinho livre traz para todos os envolvidos – pais, responsáveis e  crianças – a oportunidade de ter uma vida normal, na qual possam se ressocializar em qualquer ambiente como parques, praia, piscina. Além de aprenderem a falar, que é uma grande limitação quando a criança respira pela traqueostomia. Quando está é retirada, a criança gosta de ouvir os seus gritos e gargalhadas.

Dra. Saramira Cardoso Bohadana é otorrinolaringologista e coordenadora do Programa Aerodigestivo do Sabará Hospital Infantil

Redação

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