Telemedicina, tecnologias para a saúde mental, realidade virtual e interoperabilidade estarão entre as principais discussões na área de tecnologia em saúde neste ano. A afirmação é de André Cripa, Chief Innovation Officer da CTC, uma das 150 maiores empresas de tecnologia do país e especialista na área de healthcare.
“Após quase dois anos de pandemia, percebemos que a tecnologia acelerou os seus passos em direção à saúde. A necessidade agilizou soluções e processos que já vinham avançando na última década e, agora, vemos a consolidação dessas soluções em âmbito mundial”, afirma Cripa.
A seguir, tendências apontadas pelo especialista na área:
Telemedicina
É a medicina a distância, que aproxima profissionais da saúde e pacientes graças ao avanço das tecnologias de informação e telecomunicações. No Proadi (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde), por exemplo, o número de atendimentos na área aumentou 73% em dois anos – de 73,228 em 2019 para 42.610 em 2021 (dados de janeiro a setembro). “O Brasil acompanha a tendência mundial e avançou em diversas aplicações de telemedicina, como a teletriagem, telemonitoramento e consultas de segunda opinião. Embora existam alguns desafios regulatórios, muitas oportunidades estão sendo exploradas integrando a telemedicina ao cuidado coordenado. Além disso, com o aumento da expectativa de vida da população e, naturalmente, a quantidade de pacientes crônicos, a telefarmácia será de grande ajuda para o engajamento no tratamento do paciente desospitalizado”, prevê o especialista.
Monitoramento remoto do paciente (Wearables e IoMT)
Profissionais e empresas já podem monitorar pacientes de qualquer lugar do mundo. Aumentou a pressão? Alerta que o usuário se esqueceu de tomar o remédio. Frequência cardíaca alta? Aciona o paciente para saber se é o caso de procurar um atendimento de urgência. “Isso é possível graças aos chamados wearables, ou dispositivos vestíveis, que são relógios, pulseiras, óculos que monitoram a saúde do usuário. Com a chegada do 5G ao país e a IoMT, a Internet of Medical Things, ou Internet das Coisas Médicas, o monitoramento remoto passará a estar cada vez mais presente nas nossas vidas. A próxima fronteira é descobrirmos como fazer com que essa tonelada de informações disponíveis seja relevante para a assistência, integrando-a com o prontuário médico, não gerando alertas desnecessários e claro, a um custo acessível para todos”, diz Cripa.
Interoperabilidade
Um conceito que começa a ser cada vez mais relevante no país e promete revolucionar o atendimento médico é a interoperabilidade. Assim como o seu celular conversa com diversas antenas usando padrões (e você nem percebeu que isso acontecia), a interoperabilidade na saúde tem um conceito similar. “Através dela, hospitais, laboratórios, operadoras, pacientes e toda a cadeia de informações da saúde podem estar interligados, olhando o paciente de forma integrada, provendo informações em tempo real sobre seus antecedentes, alergias, diagnósticos prévios e história clínica. Segurança para o paciente, agilidade no atendimento e dados disponíveis para os médicos tomarem as melhores decisões possíveis”, afirma Cripa.
Realidade Virtual
A realidade virtual terá um papel relevante nos próximos anos para o aprendizado de profissionais da saúde. “O mundo da simulação através da exploração da anatomia em ambientes interativos, como um campo cirúrgico de difícil acesso e seus diversos cenários possíveis, é uma forma de aprendizado de baixo risco e aumento da experiência situacional. Os hospitais-escolas e as faculdades de medicina aumentarão muito o uso dessa tecnologia nos próximos anos”, prevê Cripa. Para os pacientes, “uma notável possibilidade tem se desenvolvido em função de resultados positivos em áreas como redução de dor, tratamento de fobias e ansiedade e até desenvolvimento de cognição social para pessoas com autismo”.
Inteligência Artificial
Dentro deste assunto, Cripa elege quatro subtemas de destaque. “Como tendências para o próximo ano, podemos listar redução de erros médicos através do suporte a decisão clínica, aumento da acurácia no diagnóstico, robôs para o engajamento do paciente no tratamento (tracking) e notificações e alertas sobre o tratamento”, elenca o especialista. “A Inteligência Artificial terá um papel central na vida do médico dos próximos anos. A caixa de ferramentas do médico sem dúvida vai aumentar, fazendo com que o trabalho sujo seja feito por algoritmos de IA, deixando à disposição dos médicos os melhores cenários possíveis para uma tomada de decisão mais baseada em evidências”, explica Cripa.
Tecnologias para saúde mental
Aqui, Cripa também lista três subtemas principais: gamificação, tracking de sintomas online e terapia assistida por apps (chatbots e análise de voz e padrões). “É uma das áreas que vai mais se beneficiar das tecnologias emergentes. Não vai demorar para que o conceito de ‘fazer terapia’ ganhe novas proporções. Aos poucos, vamos não só ter as tradicionais sessões semanais (que, na pandemia, já passaram a ser feitas de forma virtual), como também teremos um acompanhamento cada vez mais constante e eficaz por meio dessas novas ferramentas”, conclui o especialista.