Atividade cerebral é desafio no pós-Covid

Um olhar dinâmico e holístico do paciente neurológico e que mostra a reabilitação e o impacto das deficiências nas atividades das pessoas. Essa é a proposta do livro ‘Avaliação neurológica funcional’ (Editora Appris), dos professores do Departamento de Fisioterapia  Aplicada da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) Gustavo Luvizutto e Luciane  Pascucci.  A obra disponibiliza principais escalas e testes funcionais para serem aplicados no âmbito da reabilitação, com visão multiprofissional, baseada na classificação internacional de funcionalidade. E também revela novos caminhos para avaliar e realizar intervenções mais assertivas em pacientes que sofreram alterações neurológicas  após Acidente Vascular Cerebral (AVC), Alzheimer e até Covid-19, entre outras doenças que afligem o mundo moderno.

“É importante não olhar apenas para a doença e as deficiências que ela gera, mas os seus reflexos no cotidiano”, diz o professor Gustavo, que tem pós-doutorado em Neuroestimulação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).

De acordo com o doutor, muitos pacientes pós-Covid apresentam manifestações neurológicas, desde a fase inicial até a fase crônica, acima de 6 meses. E o livro auxilia a organizar os principais testes validados e aplicá-los no acompanhamento personalizado para cada um.

O professor coordena a equipe de pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, com financiamento do CNPq, órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que acompanha alterações neurológicas em um ano de pacientes que tiveram Covid-19. “Com a aplicação de testes apresentados no livro, observamos alterações em estruturas e funções nos pacientes, como força muscular, função cognitiva, assim como impacto em atividades.

Há casos de pacientes que passaram a ter dificuldades na rotina simples do dia a dia, como subir e descer escadas, sentar e levantar e atravessar a rua. Resultados preliminares do estudo mostram que houve redução da atividade cerebral e piora da função cognitiva após a doença, mesmo em um ano depois do acompanhamento desses pacientes. A boa notícia é que exercícios físicos e cognitivos podem melhorar a resposta da função cognitiva.

A abordagem individualizada é determinante para recuperação das sequelas deixadas pela doença, diz o professor. “Posso ter dois pacientes que tiveram Covid, mas será que ambos vão evoluir da mesma forma? Alguns podem ter mais dificuldade em deambular grandes distâncias, enquanto outros de ficarem em pé. Essas questões devem ser avaliadas sistematicamente para que a abordagem terapêutica seja mais assertiva e personalizada”, explica.

O livro ‘Avaliação neurológica funcional’ é voltado para todos os profissionais da área de saúde. Em parceria com fisioterapeutas, neurologistas, fonoaudiólogos, nutricionistas e engenheiros, os autores apresentam uso de ferramentas biomecânicas aplicadas à neurologia, além de instrumentos e escalas padronizadas para quantificar os resultados das avaliações. Eles também ilustram com casos clínicos em todos os capítulos para facilitar a leitura e correlação com as atividades em prática do cotidiano. “Não devemos apenas olhar para a doença em si. Todo paciente tem uma história de vida, anseios e hobbies. E devemos levar em consideração essa avaliação global dentro do processo terapêutico de intervenção”, completa.

Redação

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