Campanha “Amigos pelo Coração” ensina massagem cardíaca a leigos

Você sabia que, anualmente, ocorrem mais de 200 mil paradas cardiorrespiratórias no Brasil, sendo que 50% dos casos são registrados em ambientes extra-hospitalares, como ruas, shoppings e estádios? Apesar dos dados alarmantes, pessoas leigas (que não são da área da Saúde) desconhecem como proceder para salvar alguém que esteja em parada cardíaca. Para se ter uma ideia, estudo realizado por médicos da Universidade Federal de Juiz de Fora com leigos mostrou que 59% desconhecem o suporte básico de vida (massagem cardíaca) e, dos 41% que sabem o que é a técnica, somente 5,8% se sentem preparados para realizá-la.

Foi pensando nesse cenário que a Casa de Saúde São José, hospital referência em Cardiologia no Rio de Janeiro, desenvolveu a campanha Amigos pelo Coração (www.amigospelocoracao.com.br), que acaba de ser lançada nas redes sociais. O projeto tem como objetivo conscientizar a população leiga sobre a importância da massagem cardíaca e de, consequentemente, salvar vidas.

Para chamar a atenção do público leigo e facilitar o aprendizado da técnica de massagem cardíaca, a campanha “Amigos pelo Coração” ganhou um parceiro de peso, a banda Barão Vermelho, que regravou o hit “Meus Bons Amigos” especialmente para o projeto. A canção tem o ritmo adequado (100 bpm) para garantir a taxa correta de compressões durante o procedimento, que deve ser entre 100 e 120 compressões torácicas por minuto. Com a música na cabeça, o socorrista tem mais chances de realizá-la de forma correta e eficaz.

“Precisamos tornar essa prática conhecida por todos e realizar treinamentos”, defende o cardiologista da Casa de Saúde José e idealizador do movimento, Gustavo Gouvêa. Ele destaca que as estatísticas são preocupantes: 50% dos indivíduos com parada cardiorrespiratória morrem em 5 minutos e 10% morrem a cada minuto que passa. “A literatura internacional mostra que a ressuscitação cardiopulmonar feita por leigos treinados pode ser bem-sucedida entre 50% e 75% dos casos. O suporte básico de vida consiste em uma sequência de manobras para promover a sustentação circulatória, enquanto o socorro médico não chega. Em países da Europa e nos Estados Unidos, essa massagem cardíaca é ensinada nas escolas. Aqui no Brasil, há cursos, mas a maioria é pago”, destaca o cardiologista.

A inspiração para esse movimento veio lá de fora. A American Heart Association e a British Heart Foundation, por exemplo, usaram a música Stayin’ Alive, dos Bee Gees, em campanha do gênero, que teve enorme repercussão. Aqui no Brasil, a iniciativa começou com a veiculação em ambiente digital de um vídeo com uma demonstração, bem didática, da massagem cardíaca sob o ritmo da música “Meus bons amigos”, retratando o compasso correto das compressões. A campanha ensina o passo a passo para o leigo socorrista.

“Em uma situação de emergência, o primeiro passo é chamar ajuda e ligar para 192. A pessoa deve reconhecer a situação de parada cardíaca, verificando se a vítima não respira e não reage. Em seguida, é preciso fazer a massagem cardíaca até o socorro chegar. É importante que a manobra seja feita no ritmo e com a força certa, por isso a ideia de usar uma música”, explica Gouvêa.

“Ficamos empolgados para participar quando conhecemos a proposta da campanha e soubemos que a nossa música poderá ajudar a salvar tantas vidas. ‘Meus bons amigos’ é uma das canções mais queridas do Barão Vermelho e foi uma feliz coincidência, já que o ritmo é ideal para ensinar a massagem cardíaca. Esperamos que todos embarquem nessa e que a gente possa contribuir para que mais pessoas aprendam as técnicas da massagem cardíaca”, destaca o guitarrista Fernando Magalhães, que é o autor da música.

Quem também abraçou a causa foi a atriz Giovanna Antonelli. Ela faz a locução de um dos vídeos do projeto. “É um grande prazer participar de uma campanha tão importante e que pode ajudar a salvar muitas vidas. É fundamental ampliarmos o conhecimento da população sobre a massagem cardíaca e é isso que buscamos com essa iniciativa. Quanto mais gente aprender essa técnica, mais pessoas poderão ser salvas em casos de emergência. Com a música do Barão Vermelho então, tudo fica mais simples e fácil. Eu mesma quero aprender, afinal todos temos que estar preparados. Muito bacana essa iniciativa do Dr. Gustavo Gouvêa e da Casa de Saúde São José”, aponta a atriz.

Casos reais também motivaram a campanha

Histórias de pacientes da Cardiologia da Casa de Saúde São José também motivaram a criação da campanha “Amigos pelo Coração”. A advogada Eleonora Bergamo, de 34 anos, foi salva graças ao socorro de uma vizinha, que fez o atendimento inicial e a massagem cardíaca. As duas participam de um dos vídeos do projeto.

“Eu trabalhei normalmente, malhei e fui andar com o meu cachorro. Na rua, conheci a Cátia, que também estava andando com o cachorro dela. Do nada eu desmaiei e ela me socorreu. Depois chegaram dois médicos que também prestaram os primeiros socorros. Essa campanha é fundamental, é maravilhosa. Tive muita sorte por ter sido socorrida por pessoas técnicas. As pessoas leigas normalmente ficam assustadas e com medo de prestar socorro. Tive essa sorte e gostaria que todos pudessem ter também. Eu também quero aprender a fazer a massagem. É preciso criar essa consciência”, destaca Eleonora.

A farmacêutica do Corpo de Bombeiros Cátia Gonçalves foi a responsável por realizar os primeiros socorros na Eleonora. Ela também ressaltou a importância dessa iniciativa e disse que espera que todos possam aprender as técnicas do suporte básico de vida.

“Como já trabalhei com médico e enfermeiros, tive alguns cursos e tinha uma noção de como proceder. Comecei a massagem cardíaca e depois chegaram dois médicos, que assumiram o socorro até a ambulância chegar. Quando isso aconteceu com a Eleonora, eu vi como foi importante saber fazer a massagem. E pensei: ‘E se fosse ao contrário, será que alguém saberia fazer em mim?’. Nós achamos que não vamos precisar nunca, mas podemos salvar vidas. A massagem é simples e isso vai fazer a diferença”, afirma Cátia.

Depois da recuperação da Eleonora, as duas acabaram se aproximando e ficaram muito amigas. “Um dia nos encontramos na rua e ela não se lembrava de nada. A mãe dela nos apresentou, aí descobrimos que éramos vizinhas, que malhávamos na mesma academia e fomos nos aproximando. Hoje, posso dizer que ficamos amigas mesmo. Também ficamos bem próximas dos médicos que a salvaram, somos todos amigos”, completa Cátia.

Redação

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