A campanha “Junho Púrpura – Distúrbios de aprendizagem: conhecer, perceber, enfrentar”, promovida pela Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), tem como principal objetivo ajudar as famílias, os pediatras e todos os profissionais que lidam com crianças e adolescentes a identificar e orientar sobre os distúrbios de aprendizagem e problemas de desenvolvimento nessa faixa etária.
“Profissionais que lidam com crianças e adolescentes precisam estar atentos à sua evolução e desenvolvimento e, enquanto participantes desse processo, ao perceber qualquer alteração, são obrigados a avaliar, questionar e encaminhar a especialistas. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhor será a condução do caso, com boas chances de minimizar os efeitos destas alterações”, ressalta o pediatra Claudio Barsanti, coordenador das Campanhas da SPSP, destacando que, com a pandemia e a alteração no formato do ensino, de presencial para virtual, algumas crianças e adolescentes passaram a apresentar – e ainda apresentam – certas dificuldades no seu aprendizado. “Dessa forma, é fundamental discutirmos essa questão, uma vez que os efeitos da pandemia no ensino ainda não acabaram”, acrescenta o médico.
Para Barsanti, os professores, pais, responsáveis e pediatras devem, portanto, refletir sobre os problemas de aprendizado de alguns alunos que, embora possam ser decorrentes de outras causas, talvez ainda se apresentem como consequência do período da pandemia, sendo imprescindível levar em consideração esses distúrbios para que se busquem suas causas e soluções, a fim de se evitar complicações subsequentes. “E uma ação multidisciplinar e multiprofissional é essencial na tentativa de corrigir o problema para que não tenhamos um déficit ainda maior no aprendizado destas crianças e adolescentes”, esclarece.
Segundo a otorrinolaringologista e foniatra Renata Di Francesco, presidente do Núcleo de Estudos de Desenvolvimento e Aprendizagem da SPSP e coordenadora da campanha Junho Púrpura, é importante dentro da área da pediatria trazer para o consultório médico as queixas escolares das crianças e adolescentes que, muitas vezes, ficam restritas apenas ao ambiente escolar e com os profissionais da área da educação. “É imprescindível também que os médicos estejam atentos não apenas às questões de saúde da população pediátrica, mas também a outros aspectos que possam influenciar no seu desenvolvimento acadêmico”, alerta a especialista.
Como parte da ação da campanha, ela destaca que haverá no mês de junho dois eventos importantes a respeito do tema – o primeiro, que será no dia 15/06 e aberto ao público, discutirá a inclusão escolar e a importância do ponto de vista do desenvolvimento dessas crianças; o segundo será realizado no dia 17/06 e é destinado a pediatras e outros profissionais da área da saúde. “Esse evento abordará as questões sensoriais, como a audição e a visão, por exemplo, que podem influenciar no desenvolvimento acadêmico e, portanto, no aprendizado desta população. Fará parte também da discussão identificar possíveis distúrbios, realizar seu diagnóstico e buscar o tratamento adequado”, conclui Renata.