Cardiologistas abordam a avaliação da cardiopatia em idosos

O envelhecimento da população brasileira começa a exigir ainda mais atenção às doenças que aparecem na chamada terceira idade. Com esse olhar no futuro foi realizado nesta terça-feira (27) o Grand Round de novembro do do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), com o tema “Avaliação da cardiopatia no paciente idoso: abordagem prática”.

Na abertura, o médico Gabriel Dalla Costa, coordenador do Grand Round, evento mensal realizado em parceria com a Johns Hopkins, disse que o Brasil tem hoje 19 milhões de pessoas acima de 60 anos. Em 2050, serão 66 milhões. A virada, quando essa faixa etária vai superar o número de crianças (0 a 14 anos), será em 2030.

“Haverá um maior número de pacientes com doenças cardiovasculares e que serão mais complexas do que as de décadas atrás”, disse Dalla Costa.

Três cardiologistas do Hospital Moinhos de Vento, que são referência nacional na área, participaram do Grand Round. O médico Antonio Fernando Furlan Pinotti, coordenador do Laboratório de Exames Cardiológicos da instituição, abordou as alterações fisiopatológicas no idoso. Entre elas, estão aumento da massa ventricular, aumento da espessura das paredes e enrijecimento do miocárdio. Muitas acabam evoluindo para disfunções.

Em um caso apresentado, uma paciente de 84 anos estava com dispneia e angina. Foi diagnosticada com estenose aórtica grave. Entre os processos degenerativos, a esclerose da válvula aórtica acaba evoluindo para a estenose aórtica, que foi o que ocorreu. A paciente passou por um procedimento de implante de válvula percutânea (TAVI) e em três dias recebeu alta.

O médico Gabriel Grossman, chefe do Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Moinhos de Vento, falou sobre a volta da utilização do pirofosfato para identificar a amiloidose cardíaca, que afeta o músculo do coração. A doença, conforme Grossman, é subdiagnosticada.

“Se for amiloidose de cadeia leve, não há captação de pirofosfato. Mas se for do tipo TTR, há captação verificada na imagem. Essa é a grande diferença. O ecocardiograma e a ressonância definem a presença de doença, mas não definem o tipo”, explicou Grossman.

Entre os casos apresentados pelo médico está o de um paciente de 65 anos, hipertenso e diabético. Como no exame houve captação da substância pirofosfato, foi diagnosticado com amiloidose do tipo TTR – provocada por uma mutação no gene da transtirretina (TTR) que resulta em acumulação de proteínas da TTR anormais.

Na sequência, o médico Paulo Roberto Schvartzman, coordenador do Núcleo de Imagens Cardíacas do Serviço de Radiologia do Hospital Moinhos de Vento, falou do papel da ressonância magnética e da tomografia computadorizada no diagnóstico de doenças.

Recentemente, o hospital adquiriu um tomógrafo de última geração, o mais moderno do Sul do país, com dupla fonte e 256 detectores.

“Faz em poucos segundos exames que antes exigiam mais tempo, e com 10% da radiação utilizada nos aparelhos mais antigos”, informou Schvartzman.

Dentro da Radiologia, prosseguiu o médico, outra máquina disponível, que tem uma aceitação muito grande principalmente entre idosos, é a ressonância magnética. É um exame que avalia múltiplas alterações, como morfologia e função do coração.

“Consegue-se avaliar diversos fatores em um exame apenas”, explicou.

A ressonância não é uma tecnologia recente, mas proporciona uma acurácia mais elevada do que a cintilografia, sendo mais definitivo o diagnóstico.

Redação

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