Os benefícios da cannabis medicinal no tratamento dos sintomas da Doença de Parkinson serão abordados na palestra ministrada pelo Dr. Flávio Rezende, mestre e doutor em Neurologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Health Meds, no dia 5 de agosto às 15h, durante o CNABIS 21 – II Congresso de Cannabis Medicinal, que acontece, online, de 3 a 5 de agosto. As inscrições podem ser feitas pelo link: cnabis.com.br/cadastro.
A Doença de Parkinson é uma condição degenerativa do Sistema Nervoso Central, crônica e progressiva. É causada pela diminuição intensa da produção de dopamina, substância química que ajuda na transmissão de mensagens entre as células nervosas. A dopamina ajuda na realização dos movimentos voluntários do corpo de forma automática, ou seja, não precisamos pensar em cada movimento que nossos músculos realizam, graças à presença dessa substância no cérebro.
Os principais sintomas da doença de Parkinson são a lentidão motora (bradicinesia), a rigidez entre as articulações do punho, cotovelo, ombro, coxa e tornozelo, os tremores de repouso notadamente nos membros superiores e geralmente predominantes em um lado do corpo quando comparado com o outro e, finalmente, o desequilíbrio. Estes são os chamados sintomas motores da doença, mas podem ocorrer também sintomas não-motores como diminuição do olfato, alterações intestinais, depressão, psicose, demência, distúrbios do sono e apatia, entre outros.
Dr. Flávio Rezende é um cientista dedicado à pesquisa com a cannabis medicinal, tendo como principal foco de atuação os aspectos relacionados à doença de Parkinson. “Temos importantes resultados que consideramos marcadores sobre os benefícios da cannabis medicinal, principalmente nos sintomas não motores e a ciência tem avançado no estudo do assunto”, afirma o acadêmico.
O pesquisador faz parte do Projeto de Pesquisa em andamento intitulado: “Estudo observacional do uso compassivo do extrato de cannabis associado à farmacoterapia da doença de Parkinson”, que conta com a união e esforços dos grupos da Faculdade de Farmácia, da Faculdade de Medicina (Departamento de Clínica Médica) e do HUCFF/UFRJ com conclusão prevista para 2022.
A terapia com canabinóides ajuda no tratamento de sintomas motores (tremor de repouso, lentidão motora, desequilíbrio e hipertonia plástica) e não motores (diminuição do olfato, alterações intestinais e distúrbios do sono como transtorno comportamental do sono REM, depressão e ansiedade). “De forma geral, o uso de medicamentos à base de canabidiol resulta no controle dos sintomas parkinsonianos, especialmente os não motores, como apatia, depressão e distúrbios do sono, diminuindo a quantidade de medicamentos prescritos, proporcionando qualidade de vida superior ao paciente, diferente da que ele apresentaria se estivesse usando sedativos e neurolépticos”, conclui Rezende.
O congresso CNABIS é gratuito para quem assistir nos horários da palestra, mas também está disponível um acesso premium para quem quiser rever as apresentações e outros conteúdos por seis meses. Para participar, a inscrição deve ser feita no site do CNABIS: cnabis.com.br
CNABIS 21
O CNABIS é um evento de caráter técnico-científico online que está na sua segunda edição. É destinado para médicos e estudantes de medicina interessados na terapêutica canábica e suas aplicações terapêuticas
Entenda a Cannabis Medicinal
A cannabis medicinal possui mais de 480 substâncias químicas, sendo que 150 destes compostos, denominados fitocanabinoides, são os mais estudados, com o THC (Tetrahidrocanabinol), o CBD (Canabidiol) e o CBG (Canabigerol). Eles são capazes de ativar receptores canabinoides (CB1 e CB2) em diversos tecidos dos nervos periféricos, Sistema Nervoso Central (SNC) e sistema imunológico. Esse funcionamento complexo é responsável por uma série de funções fisiológicas, incluindo a memória, o humor, o controle motor, o comportamento alimentar, o sono, a imunidade e a dor.
Com base em estudos variados em fase II, fase III ou observacionais, as principais indicações para o uso de produtos de cannabis são ansiedade, demência com agitação, distúrbios do sono secundários a doença neurológica, doença de Parkinson (sintomas não-motores), dor crônica, epilepsia farmacorresistente, esclerose múltipla (sintomas urinários, dores, espasticidade), esquizofrenia, síndrome de estresse pós-traumático e Síndrome de Tourette.
Substância da cannabis está permitida nas Olímpiadas de Tóquio
As Olímpiadas de Tóquio estão com mudanças importantes. Entre elas, a permissão do uso do canabidiol (CBD) pelos atletas olímpicos. No Brasil, seu uso está condicionado a recomendação médica e autorização da Anvisa para importação do paciente.
O uso do extrato é permitido entre os atletas de alta performance, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. A Agência Mundial Antidoping (WADA) retirou o CBD da lista de substâncias proibidas desde 2018, por entender seus benefícios terapêuticos. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, edição deste ano, é a primeira que o uso da substância estará permitido. “O CBD possui potencial anti-inflamatório e auxilia no controle de dor. Estudos científicos comprovam esses efeitos, e as pesquisas com a substância são animadoras”, explica Pedro Alvarenga, médico da Ease Labs.
O canabidiol contribui com a melhora da performance dos atletas. “A alta demanda de jogos e provas é um desafio em todas os esportes. Nas Olímpiadas, as equipes são exigidas com performance de níveis altíssimos em um curto período de tempo de recuperação. Com a privação do tempo ideal de recuperação, o canabidiol se torna uma alternativa terapêutica para esse perfil de paciente”, comenta Pedro.
Segundo o especialista, a substância atua no sistema endocanabinoide, que regula uma série de processos fisiológicos como dor, inflamação e resposta muscular. Assim como em situações de elevado estresse físico, há um desbalanço na homeostasia (equilíbrio) do nosso organismo. A reestruturação desse equilíbrio auxilia no desempenho esportivo.
Uso medicinal
Com benefícios no tratamento de inflamações e dor, atletas também utilizam o canabidiol em lesões relacionada aos esportes. “Na alta performance, como é o caso dos esportistas olímpicos, os treinamentos são intensos e diários, o que requer uma recuperação rápida e eficaz. Com os potenciais farmacológicos do canabidiol, atletas utilizam para melhora dos sintomas pós exercícios. Além disso, alguns trabalhos mostram benefícios no controle e regulação do sono”, completa o médico.
O canabidiol (CBD) é uma das 400 substâncias da cannabis que tem grande valor medicinal. É uma das substâncias não psicoativas da Cannabis, ou seja, não causa alterações nas atividades cerebrais e não altera as sensações, o estado emocional e o nível de consciência.
“Apesar do CBD não ser psicoativo e não causar alterações no status comportamental e psiquiátrico, é uma substância para tratamento terapêutico. E assim, como qualquer tratamento médico, a recomendação e o acompanhamento devem ser indicados por médicos”, finaliza Pedro Alvarenga.