A vacinação contra a Covid-19 avança no país e o público infantil se aproxima cada vez mais da imunização, o que, para Luiz Carlos Dias, professor da Unicamp e membro do comitê científico do centro SoU_Ciência, “deve provocar a maior campanha de desinformação da história do país”. O alerta se dá pela turbulência causada pelo governo após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar, na última semana, o uso do imunizante da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos. Além dessa aprovação, o órgão avalia os estudos enviados pelo Instituto Butantan para uso da Coronavac em crianças a partir dos 3 anos. Essa, contudo, ainda segue em análise.
“Existe um movimento contrário ao uso da vacina contra Covid-19 em crianças e que deve desencadear em uma série de falsas notícias, de modo a amedrontar pais e deixá-los receosos na proteção de seus filhos. A melhor maneira de combater isso é buscar fontes sérias e deixar que a ciência siga mostrando os caminhos mais eficazes para o combate à pandemia”, destaca Dias.
Luiz Carlos Dias ressalta que a vacinação desse público é tão relevante quanto as demais faixas etárias, “uma vez que as crianças também sofrem com a pandemia. Elas pegam Covid-19, podem transmitir a doença, assim como precisar de hospitalização. Elas podem ter casos de síndrome inflamatória multissistêmica associada ao vírus, apresentar sintomas persistentes e Covid longa, além de insônia, sintomas respiratórios, mialgia, sem deixar de citar as sequelas irreversíveis, podendo chegar ao óbito”, diz o membro do comitê científico do SoU_Ciência.
O perigo aos menores pode ser comprovado numa breve análise dos dados apresentados nos boletins epidemiológicos do próprio ministério da Saúde. “Somando o último boletim epidemiológico de 2020 com o boletim mais recente divulgado no site do ministério (boletim 92), chegamos ao número total de óbitos na faixa de 0-19 anos de 2.625, sendo 1.203 em 2020 e 1.422 neste ano”, detalha Dias.
Ele conclui: “o número é expressivo e as vacinas estão aí para proteger a todos. Estamos vendo como a população adulta foi protegida pelos imunizantes. Vimos que são seguros e que são eficazes para a diminuição de óbitos e do desenvolvimento da forma grave da doença. Não há motivos para receio ou para acreditar em notícias falsas. Nossas crianças merecem e devem receber a mesma proteção que recebemos, de acordo com as liberações da Anvisa e a distribuição dos imunizantes”.
Luiz Carlos Dias dá mais detalhes no vídeo abaixo: