O tema é debatido há centenas de anos. Florence Nightingale, famosa enfermeira britânica, pioneira no tratamento de feridos da guerra, já advertia, ao final do século XIX, para a importância de “não causar danos aos doentes”.
Entretanto, a preocupação só passou para a agenda internacional com o relatório do Instituto de Medicina “Errar é humano: Construindo um Sistema de Saúde Seguro”, de 1999, que estabeleceu um marco para a criação de um movimento global de segurança do paciente.
É o que conta Mara Machado, Chief Knowledge Officer do IQG e da Accreditation Canada no Brasil, que discorrerá sobre o assunto em sua palestra no II Congresso de Desenvolvimento em Enfermagem, o CONDEPE 2019, que acontece em 23 e 24 de abril, no Transamerica Expo Center, em São Paulo (SP).
“A pauta da minha exposição abarcará como está organizado o ambiente de trabalho para uma prática segura do cuidado da enfermagem”, adianta Mara. “Os profissionais, nas atuais estruturas, ainda não possuem critérios claros sobre as atividades que deveriam realizar e as decisões a serem tomadas em relação às necessidades do paciente. Os processos são complexos e os padrões de fluxo de trabalho caóticos. Tudo isso compromete a assistência de qualidade”.
A especialista tratará ainda de questões como recursos materiais e comunicação, trabalho em equipe, estrutura organizacional e ambiente da prática. O objetivo é destacar que os serviços de saúde ainda são vulneráveis e propensos a eventos adversos, mesmo com toda a evolução da ciência para curar e melhorar a sobrevida. Ela também enfatiza a relevância do debate não apenas em teoria, mas para a prática profissional.
“Enfermeiros estão em posição estratégica para liderar uma mudança positiva e pôr fim aos padrões de comunicação disfuncionais no local de trabalho. Atmosfera de respeito mútuo e civilidade são necessárias para garantir cuidados seguros e eficazes, entretanto, é necessário redesenhar o modelo de cuidado”.
Mara também pondera que “o entendimento atual reflete a necessidade de se fazer mais do que apenas financiar pesquisas para aumentar o que se sabe sobre a questão. É preciso garantir que as descobertas, o conhecimento e as ferramentas resultantes das pesquisas sejam colocados imediatamente em prática para melhorar a assistência à saúde”.
Enfim, há muito a progredir. Embora já exista amplo conhecimento teórico, faltam ações de gestão para redesenhar processos.
“A equipe de enfermagem representa o maior grupo de profissionais de saúde envolvidos diretamente na prestação de cuidados. A atenção para a utilização eficaz e eficiente destes profissionais é fundamental para melhoria da qualidade e da segurança do paciente. Toda a teoria não poderá ser aplicada em um ambiente de trabalho desfavorável à segurança”, conclui.
Informações: www.condepe.com.br