Na 30ª edição do Congresso Europeu de Obesidade (ECO – European Congress on Obesity), realizado de 17 a 20 de maio, em Dublin, na Irlanda, a Novo Nordisk apresentou estudos, pesquisas e novas perspectivas para o tratamento da condição que, segundo a Organização Mundial da Saúde, atinge mais de 2 bilhões de pessoas com excesso de peso ou obesidade no planeta.
Entre os destaques apresentados, o estudo ACTION IO apontou importantes informações comportamentais. Dados do trabalho demostram que em população idosa há mais demora para falar sobre o excesso de peso com o médico (algo em torno de nove anos) do que na população abaixo dos 60 anos (seis anos em média).1 Junto ao estudo ACTION TEENS, que avalia a percepção de adolescentes com obesidade ou sobrepeso, os achados apontaram que mídias sociais, familiares e amigos são as principais fontes de informação sobre a doença por pais, cuidadores e pacientes.1,2
Já os estudos STEP trazem atualizações envolvendo o uso da semaglutida para o tratamento do sobrepeso e obesidade. O STEP 7, estudo da semaglutida 2,4mg em população 90% asiática e 10% brasileira confirma perda maior ou igual a 15% em 34% dos participantes, além da melhora de fatores metabólicos.3
O STEP teens revela que 44,9% dos adolescentes no grupo semaglutida 2,4 atingiram índice de massa corporal (IMC) de peso normal ou categoria de IMC inferior em comparação com aqueles que receberam placebo (12,1%). Quase 50% dos adolescentes atingiram um IMC considerado dentro da normalidade para a idade, o que historicamente não tem precedentes em tratamentos que não sejam a cirurgia bariátrica.3
Fenótipos da obesidade
Outro avanço apontado durante o evento tratou sobre os fenótipos da obesidade. Os trabalhos apresentados por pesquisadores de diversas partes do mundo buscavam entender se o paciente apresenta comer emocional, em quantidade ou se é queimador lento. Nesse sentido, os autores ponderaram sobre qual tratamento é indicado para cada padrão.4
Em um dos estudos, os participantes foram classificados em saciedade anormal durante a refeição, saciedade pós-prandial anormal, alimentação emocional e taxa metabólica basal/energia de repouso anormal, tendo recebido orientações nutricionais e orientação de atividade física específicas para cada fenótipo. Os resultados se mostraram significativamente melhores para a abordagem baseada na classificação.5
Para Priscilla Mattar, endocrinologista e diretora médica da Novo Nordisk, os resultados desses estudos e pesquisas reforçam a importância da individualização das ações durante todo o processo de tratamento. “A sociedade hoje dispõe de mais opções de tratamento medicamentoso para o combate da obesidade, mas elas sozinhas não são suficientes. As medidas adicionais, como dieta regular e exercício físico, por exemplo, também precisam ser adequadas de acordo com o paciente. As empresas de saúde, como a Novo Nordisk, seguirão buscando novas moléculas que possam trazer ainda mais benefícios aos indivíduos, porque as respostas aos tratamentos são únicas, ou seja, o medicamento que promove excelentes resultados em uma pessoa, pode não obter em outra. Por isso, é fundamental também que médicos recebam educação continuamente e que os pacientes mantenham um acompanhamento extenso e regular no tratamento da obesidade”.
Aqui no Brasil, 1 em cada 4 brasileiros vive com obesidade (dado de 2019, da Pesquisa Nacional de Saúde, do IBGE).6 Segundo estudo do Economist Impact, somente em 2020, o custo total da obesidade em adultos no Brasil foi de US$ 19 bilhões (R$ 98 bi) e aumentará a uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 6,2%, quase dobrando para US$ 35,9 bilhões (R$ 185 bi) em 2030. A obesidade na população adolescente é ainda mais preocupante, pois espera-se que cresça a um CAGR superior a 7,2%, chegando a US$ 1,64 bilhão (R$ 8,2 bi) até 2030. A análise da EIU sugere que os custos diretos englobem quase 90% do custo total da obesidade no Brasil. As cinco comorbidades que compõem esses custos diretos são diabetes, hipertensão, câncer colorretal, acidente vascular cerebral e doença cardíaca crônica7.
Referências:
- Caterson ID, et al. Gaps to bridge: misalignment between perception, reality and actions in obesity. Diabtes Obes Metab. 2019; 21(8): 1914-1924.
- Halford JCG, et al. Misalignment among adolescents living with obesity, caregivers, and healthcare professionals: ACTION Teens global survey study. Pediatr Obes. 2022;17(11):e12957.
- Hansen MR, et al. Presented at the 30th European Congress on Obesity (ECO), 17-20 May 2023.
- Acosta A, et al. Selection of antiobesity medications based on phenotypes engances weight loss: a pragmatic trial in an obesity clinic. Obesity (Silver Spring). 2021; 29(4): 662-671.
- Cifuentes L, et al. Phenotype tailoredlifestyle intervention on weight loss and cardiometabolic risk factors in adults with obesity: a single-centre, non-randomised, proof-of-concept study. eClinicalMedicine. 2023;58: 101923.
- Ministério da Saúde
- Economist Impact