O presidente da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), o especialista em reprodução humana Alvaro Pigatto Ceschin, orienta aos médicos da área que ampliem os cuidados em suas rotinas de atendimento para se prevenirem contra a nova variante da Covid-19, a BQ.1. O alerta veio após o aumento do número de casos de contaminação e que tem preocupado epidemiologistas por todo o mundo. “Esse aumento dos casos alerta a nós, profissionais da área de saúde reprodutiva, a aumentar o cuidados básicos, como higienização frequente das mãos e a de máscaras de proteção facial nas clínicas, num esforço coletivo para minimizar a transmissibilidade”, reforça.
Estudo publicado pela American Journal of Epidemiology apontou que a vacina contra o Covid-19 não causa infertilidade, mas destacou que homens que foram infectados podem ter a fertilidade reduzida.
Nos homens que apresentam alguma alteração é observado um aumento da incidência dos casos de inflamação do trato genital masculino, orquite, epididimite e prostatite. Nesses casos é indicado um exame de espermograma, ou seja, uma avaliação da fertilidade desse paciente. O teste analisa as condições físicas e composição do sêmen humano. É explorado para avaliar a função produtora do testículo e problemas de esterilidade masculina.
Segundo o especialista em reprodução humana e membro da SBRA, Waldemar Carvalho, o tratamento também deve levar em consideração o grau de acometimento do Covid-19 no paciente. “Para esse paciente que foi ou ainda está infectado pelo vírus, e que vai ser submetido à anestesia para retirada dos óvulos ou dos espermatozóides, é preciso verificar se não houve nenhum acometimento pulmonar ou nenhum acometimento clínico relacionado à trombose que interfira no resultado do tratamento ou aumente o risco à saúde do paciente”, explica.
Ainda segundo o especialista, em casos de pacientes que já foram acometidos pelo vírus de forma branda ou moderada, ou seja, sem sequelas, após exames de verificação sem alterações, esses pacientes estão liberados para dar continuidade ao tratamento de fertilização. Mas ele ressalta que muitos estudos ainda precisam ser realizados. “É bem difícil apontar um tratamento padrão, porque ainda não existe na literatura médica uma forma de comprovar que a Covid pode causar sequelas a ponto um paciente não engravidar. Nosso desafio é saber se a Covid vai interferir na taxa de gravidez e de aborto”, ressalta.
De acordo com a última nota da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a BQ.1 já registrou um aumento de 120% da média móvel entre os dias 6 a 11 de novembro em relação à semana anterior. O Ministério da Saúde revelou que foram notificados 57.825 novos casos e 314 óbitos durante este período, o que representa 8.448 casos diários.
Ainda não foi possível determinar o impacto das vacinas contra a Covid-19 para a BQ.1, mas, segundo o Ministério da Saúde, a progressão dos casos apontam um crescimento significativo sobre outras sublinhagens da VOC Ômicron circulantes em muitos locais, incluindo Europa e Estados Unidos, e, portanto, merece monitoramento rigoroso. Estima-se que essas novas mutações tenham adquirido uma vantagem de escape imunológico sobre outras variantes da Ômicron, representando um risco maior de reinfecção para a população.
Proteção
A forma mais eficaz contra o vírus ainda são os cuidados do dia a dia. Além de manter a vacinação em dia, é fundamental a continuação dos cuidados básicos para coibir a proliferação do vírus, como:
- A higienização frequente das mãos com álcool 70% ou água e sabão;
- Uso de máscaras de proteção facial em locais públicos, principalmente por indivíduos com fatores de risco para complicações da Covid-19
- Isolamento social para pessoas que tiveram contato com casos confirmados de Covid-19 e para casos confirmados;
- Sempre que possível, evitar locais fechados e mal ventilados.