A chegada do outono é sempre uma época que propicia o aumento dos casos de doenças respiratórias, já que se caracteriza por dias mais frios, menor umidade do ar e a mesma duração dos dias e das noites. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, o aumento de casos de gripe geralmente ocorre entre os meses de maio e outubro e é importante que ações preventivas antes desse período sejam adotadas pelo paciente para cuidados com a saúde. As principais doenças nesta época do ano são resfriados, gripes, faringites, sinusites e pneumonias, decorrentes das gotículas dispersas no ar, em ambientes fechados, favorecendo a contaminação ambiental, além do aumento da poluição do ar e das quedas de temperatura.
Alguns pacientes oncológicos são mais vulneráveis a apresentar imunidade comprometida, principalmente os idosos, portadores de enfermidades crônicas, e que estão em tratamento quimioterápico. A Dra Luana Fiuza, oncologista clínica e pesquisadora do Centro de Pesquisa Clínica do IBCC – Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, explica que alguns cuidados são importantes para prevenir doenças respiratórias, como manter hábitos de higiene, que inclui lavar frequentemente as mãos, evitar ambientes fechados e com aglomeração de pessoas, não impedir a circulação de ar, manter as janelas da casa e do ambiente de trabalho abertas, ingerir pelo menos 2 litros de água por dia, umidificar o ar com nebulizador ou colocar toalha molhada ou balde com água nos ambientes da casa, lavar as cavidades nasais com soro fisiológico, usar vestimentas adequadas a temperatura ambiente e mantê-las limpas, já que as roupas costumam ficar guardadas nas estações mais quentes, podendo levar ao acumulo de ácaros, fungos e mofos.
O Ministério da Saúde ainda recomenda que as pessoas evitem praticar exercícios físicos entre as 10 e 16 horas em dias que apresentem baixa umidade do ar.
Sintomas dos resfriados e gripes: o que fazer?
Em caso de sintomas, como tosse, febre (temperatura axillar maior ou igual a 37.8 C), falta de ar e corrimento nasal, é necessário procurar o pronto socorro para tratamento e orientação. Segundo a oncologista do IBCC, são recomendados uso de medicações sintomáticas, como antitérmicos, analgésicos, mas principalmente, em caso de sintomas, como tosse, febre (temperatura axillar maior ou igual a 37.8 C), falta de ar e corrimento nasal, devem procurar o pronto socorro para tratamento e orientação.
Vacinas são recomendadas?
As vacinas da influenza (gripe), H1N1, devem ser administradas. Segundo a Dra Luana Fiuza, os reais benefícios das vacinas estão na capacidade de prevenir a pneumonia viral ou bacteriana, a hospitalização e morte. São compostas por microrganismos não vivos ou suas frações, que não se replicam nem provocam doença subclínica. Pertencem a este grupo: vacinas pertussis de células inteiras, vacinas inativada poliomielite; tétano; difteria; alguns subtipos de influenza; hepatite A; hepatite B; HPV; pneumococo; meningococo. Segundo o manual dos centros de referencias de imunobiológicos especiais, do ministério da saúde, a imunização de pacientes imunocomprometidos com vacinas não-vivas não implica riscos adicionais, além daqueles próprios a cada uma delas. Em pacientes com câncer a resposta de anticorpos é menor do que em controles sadios. A soroconversão é de 24 a 71%, sendo a terapia antineoplásica o fator determinante da resposta mais baixa nesse grupo.
Vacina contra o pneumococo
Outra vacina que pode ser administrada, grande importância nesta época de outono e inverno, e a vacinação contra o pneumococo, bactéria que é capaz de causar pneumonia, bacteremia e meningite. Em adultos, a pneumonia é a apresentação clínica mais comum, sendo que entre 20% e 30% dos pacientes com pneumonia pneumocócica vão desenvolver bacteremia. O Guia de imunização SBIm/ ASBAI ( 2015/2016) informa que pessoas com algum grau de imunossupressão apresentam, risco 23 a 48 vezes maior em desenvolver doença pneumococócia invasiva do que em indivíduos saudáveis. Desta forma e recomendada em pacientes com câncer. De modo geral, as vacinas de patógenos vivos (vírus e bactérias) atenuados são contraindicadas. Em contrapartida deve-se fazer uso das vacinas não vivas.
Contraindicações
As vacinas contraindicadas em pacientes imunocomprometidos são as vivas atenuadas (contra sarampo, rubéola, varicela, febre amarela, herpes zoster, poliomielite, rotavírus e BCG) pelo risco de desenvolvimento da doença após a vacinação. Estas , de acordo com as orientações da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, devem ser evitadas durante 24 meses após Transplante de Medula Óssea, e a vacina pode ser realizada apenas naqueles sem evidências de doença enxerto-versus-hospedeiro e fora de uso de medicamentos imunossupressores.
Paciente em uso de corticoides cronicamente ou em doses imunossupressoras não devem receber a vacina durante o tratamento e por até quatro semanas após o seu término. Naqueles indivíduos que receberam a vacina, um intervalo mínimo de quatro semanas para início do tratamento oncológico é recomendado e pacientes com histórico de tratamento oncológico concluído há mais de seis meses e atualmente em acompanhamento clínico exclusivo devem seguir as recomendações aplicáveis à população geral e podem ser vacinados, respeitando-se as particularidades de cada caso.
Já os pacientes que apresentem outros problemas de saúde, histórico de alergias (sobretudo a ovos ou gelatina) ou reações prévias a vacinas, aqueles em uso de imunossupressores ou histórico de imunodeficiências ou indivíduos com mais de 60 anos devem consultar um profissional médico antes de receber a vacina.