“Ela não teria chance com nenhum outro procedimento.” Assim a médica Rosângela Develis define a cirurgia à qual a mãe foi submetida para substituir uma válvula do coração. O procedimento consiste em uma incisão na artéria femoral para, via cateter, implantar uma nova prótese no coração. Ainda pouco utilizada no Brasil, foi realizada pela terceira vez no Paraná e escolhida pelo histórico de saúde da dona de casa Lídia Alquieri, 74 anos, que já havia sido submetida a três cirurgias cardíacas. “Começou com a queixa de falta de ar, mas os exames não identificaram alterações significativas. Por isso, quando veio o diagnóstico de insuficiência aguda da válvula cardíaca o susto foi grande”, relembra a filha.
O cardiologista Gustavo Lenci, do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR), conta que a paciente chegou ao Pronto Atendimento reclamando muito de falta de ar, até mesmo para pequenos esforços, o que levou a equipe a realizar exames de imagem. “Com o ecocardiograma, foi possível ver que uma das próteses, trocada há alguns anos, estava disfuncionante. Como ela já havia sido submetida a três cirurgias cardíacas, a quarta seria muito agressiva. Por isso a decisão de fazer a troca da válvula mitral por meio de punção da veia femoral”, explica.
Cirurgia
A cirurgia na válvula mitral ainda é pouco praticada e objeto de estudo da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. Em Curitiba (PR), essa foi a terceira vez que o procedimento foi realizado. “A experiência brasileira desse tipo de cirurgia ainda é pequena, porque é um procedimento bem inovador e tem ajudado a salvar vidas. O índice de mortalidade de pessoas com mais idade e comorbidades é grande pela técnica tradicional em que o peito é aberto, por isso, esse método tem sido tão promissor”, afirma o cirurgião Romulo Torres.
Na técnica de implante percutâneo de bioprótese ‘valve-in-valve’ mitral transeptal, as medidas realizadas na tomografia são fundamentais para definir a forma e o tamanho exato da válvula e local onde será implantada. O procedimento dura, em média, 3 horas e, por ser menos invasivo, implica em menos tempo de internação e menor custo.