A pandemia de Covid-19 provocou um grande colapso no sistema de saúde brasileiro, tornando o acesso a atendimento de qualidade ainda mais difícil não só para portadores do Coronavírus, mas também para aqueles que sofrem com outras doenças que demandam acompanhamento médico constante. É o caso de pacientes com esclerose múltipla, doença neurológica, crônica e autoimune, que acomete cerca de 40 mil brasileiros.
Para retratar o cenário de desamparo as pessoas com esclerose múltipla durante o período de isolamento, foram entrevistados pacientes, especialistas, e profissionais de saúde, dando vida ao documentário Múltiplos Riscos que esclarece a necessidade da criação de políticas públicas de assistência a esses pacientes.
“Só se muda um comportamento quando há consciência sobre o fato. Essa é a importância do Projeto Múltiplos Olhares que, por meio do documentário, dá voz aos pacientes, agentes sociais e demais profissionais envolvidos no tema”, afirma Ana Maria Canzonieri, enfermeira, psicóloga e criadora do projeto.
Como uma doença que acomete o sistema nervoso dos pacientes, que em alguns casos ficam bastante debilitados, a esclerose múltipla muitas vezes demanda assistência do tipo home care, fundamentais não só para o tratamento da doença – que não tem cura – mas também para a assistência à família dos pacientes. Esse tipo de acompanhamento, feito por instituições de saúde, agentes sociais e associações foi muito prejudicado durante a quarentena, ocasionando interrupções no tratamento de pacientes graves e situações de subdiagnóstico de novos casos, o que dificulta o início rápido do acompanhamento médico.
Neste sentido, o objetivo do documentário não é apenas escancarar as falhas do atendimento à pacientes com esclerose múltipla em situações de risco, como durante a pandemia, mas também propor um novo olhar sobre a assistência dada a pessoas acometidas por doenças crônicas no Brasil, estimular debates a respeito do tema e a criação de políticas públicas específicas voltadas a esse problema.
“Como comunicador social e paciente diagnosticado com Esclerose Múltipla em 2010, sempre quis levar o tema a cada vez mais pessoas e abordá-lo com maior profundidade. Percebo que a Esclerose Múltipla ainda é um assunto pouco conhecido pela população em geral porque acaba sendo direcionado para alguns grupos específicos, como os de pacientes, por exemplo. Nossa visão com esse projeto é abrir o leque e ampliar esse direcionamento”, explica Bruno Almeida – produtor audiovisual, documentarista e co-criador do Projeto múltiplos Olhares.
O documentário “Múltiplos Riscos” conta com entrevistas de pacientes brasileiros e também da Argentina, Inglaterra, Peru, Honduras, Chile, Espanha e Portugal. A produção envolveu profissionais com e sem esclerose múltipla, como psicólogos, fisioterapeutas, neurologistas, educadores físicos, pesquisadores, pedagogos, enfermeiros e uma advogada, além da equipe de audiovisual.
O documentário Múltiplos Riscos é parte do projeto Múltiplos Olhares, que envolve a produção de outros documentários, de livros, artigos e material de informação sobre a esclerose múltipla. Para assistir ao filme, clique aqui. A equipe criou também uma campanha de financiamento coletivo, para que o público possa colaborar com a continuidade do projeto. Os interessados em colaborar podem fazê-lo através do site da campanha.