Os pacientes oncológicos submetidos à radioterapia ou quimioterapia ficam mais suscetíveis a infecções bucais localizadas que podem se espalhar por todo o corpo, comprometendo mais a sua saúde e aumentando o risco de interrupção do tratamento oncológico. A baixa imunidade aliada à higiene oral deficiente aumenta a intensidade e o risco de surgirem complicações que causam desconforto e dor, como a mucosite oral. Por isso, é essencial que o acompanhamento odontológico seja realizado por um dentista especializado na área, se possível, antes de iniciar o tratamento oncológico. Caso a avaliação não ocorra antes do início da terapia oncológica, o paciente deve ser avaliado tão logo tenha condições clínicas para isso. Dessa forma, é possível reduzir esses riscos e eventualmente controlar os efeitos colaterais.
Segundo a Dra. Ana Laura Soares, dentista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, é importante que os profissionais estejam envolvidos em todo o processo, para efetuar uma avaliação correta, realizar a adequação do meio bucal e proporcionar a melhor higienização da cavidade oral dos pacientes. A especialista ressalta ainda que cada caso é único e que esse suporte deve ser personalizado, já que nem todos os pacientes têm as mesmas condições e informações, e também não reagem da mesma forma ao tratamento.
“Algumas medicações provocam a mucosite, inflamação na mucosa oral que é muito semelhante às aftas”, explica. Esse tipo de inflamação pode se tornar porta de entrada para infecções secundárias.
No entanto, outras reações, quando diagnosticadas precocemente, podem ser minimizadas e prevenidas, como a famosa boca seca (xerostomia) e a necrose dos ossos da boca. Além do acompanhamento da saúde bucal, sempre ligada à higiene oral do paciente, é essencial encontrar um equilíbrio entre a dieta e o tratamento. A abordagem do Centro Especializado em Oncologia é multidisciplinar, desta forma, os pacientes não somente recebem a orientação de nutricionistas, de que alguns alimentos e ingredientes agridem e pioram os ferimentos da cavidade oral, mas os dentistas também orientam os profissionais da nutrição sobre o estado bucal de cada paciente, informando sobre qual tipo de alimento ele será capaz de ingerir conforme seu estado bucal em cada momento.
A nutricionista do Centro Especializado em Oncologia, Kátia Braz, chama atenção para o acompanhamento nutricional em casos de mucosite, xerostomia e outras situações que prejudicam e até desmotivam os pacientes a continuar com o tratamento oncológico. “É necessário avaliar o quadro clínico de cada paciente para preparar uma dieta especial, de forma que ele evite ingerir alimentos que intensificam a dor e o desconforto causado por essas lesões”, afirma a nutricionista.
Dicas nutricionais e precauções
De acordo com a nutricionista, existem princípios básicos a serem seguidos no tratamento nutricional. Em casos de mucosite, o ideal é evitar o consumo de alimentos ácidos. Já em pacientes que apresentam dor ou dificuldades para deglutir, o recomendado é alterar a consistência dos alimentos, com a adição de uma dieta pastosa, por exemplo.