Estudo sobre assistência farmacêutica a pacientes em terapia oncológica oral conclui impacto na adesão ao tratamento

Segundo pesquisa de especialistas da Oncomed BH – umas das principais clínicas especializadas no tratamento oncológico no estado de Minas Gerais, o tratamento por via oral para câncer está se tornando cada vez mais frequente e seus custos estão aumentando. De acordo com os estudos, para implementar estratégias que monitorem os efeitos adversos, a adesão e o gerenciamento dos recursos financeiros são de extrema importância. O trabalho realizado pelos especialistas tem por objetivo desenvolver uma intervenção baseada no monitoramento farmacêutico que promova o uso correto do medicamento por meio da identificação precoce de eventos adversos, bem como descrever uma análise econômica dessa intervenção.

O grupo, composto por oncologistas e farmacêuticos realizou um estudo quase-experimental, que incluiu pacientes consecutivos da clínica oncológica em Belo Horizonte, sudeste do Brasil, que faziam uso de medicamentos orais para o tratamento do câncer. Os pacientes faziam consultas regulares ao farmacêutico, no início de cada ciclo de tratamento. A consulta consistiu na avaliação da adesão (se tomaram pelo menos 80% dos comprimidos em determinado período de tempo) e dos efeitos adversos. O número de comprimidos dispensados ​​no novo ciclo foi ajustado pelo número de comprimidos restantes no ciclo anterior. Os preços foram calculados utilizando a revista Brasíndice e a cotação em dólar de fev/2020. O período de acompanhamento foi de out/2018 a nov/2019.

Ao longo do estudo, 1.224 pacientes foram incluídos: 86% mulheres, idade média de 63 anos, 37% com pelo menos 7 anos de escolaridade. O câncer de mama foi responsável por 77% e o câncer de próstata por 6% dos pacientes, e 23% de todos os pacientes estavam tratando o câncer em estágio IV. Os tratamentos mais utilizados foram tamoxifeno (44%), anastrazol (34%) e capecitabina (3%). No total, foram realizadas 10.640 consultas farmacêuticas, o que corresponde, em média, 887 consultas por mês e 8,7 por paciente. Em média, 88,6% aderiram ao medicamento. Em 50% dessas consultas, os pacientes relataram efeitos adversos (fogachos 42%, síndrome musculoesquelética 22%, fadiga 14%, cãibras 7%). Nesse cenário, a assistência farmacêutica resultou em uma economia total de 4.067 comprimidos ou $ 136.854,89 (Tabela 1)

Tabela 1: Número de comprimidos economizados e economia financeira por medicamento

Medicamento Número de comprimidos economizados US$
Tamoxifeno 1154 2,321.60
Abiraterona 729 21,552.68
Anastrozol 686 4,348.44
Enzalutamida 352 10,302.42
Temozolomida 67 42,165.07
Imatinibe 97 24,662.20
Capecitabina 154 9,852.01

 

Por fim, a pesquisa concluiu que a assistência farmacêutica foi responsável por altas taxas de adesão, apesar da alta frequência de efeitos adversos, e também promoveu economia de custos.

Autores do estudo: Suellen Pegnolato, gerente de farmácia do Grupo Oncomed, juntamente com Munir Murad Junior, Luiz Adelmo Lodi , Milena Marcolino, Roberto Porto Fonseca

*Este trabalho foi publicado em 25 de maio de 2020 no Journal of Clinical Oncology da American Society of Clínical Oncology (ASCO), uma das sociedades mais respeitados mundialmente na área da oncologia

Redação

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