O trabalho da equipe de fisioterapia é essencial para o tratamento dos pacientes Covid-19. No Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), de Jundiaí (SP), a equipe conta com 30 profissionais e um supervisor. O time se reveza nas 24 horas diárias, de segunda a segunda. No hospital os esforços são para aplicar técnicas que melhorem as funções dos pulmões, um dos órgãos mais prejudicados com a doença.
O coordenador da equipe de fisioterapeutas do HSV, Daniel Gimenez, explica que a doença faz com que os pulmões percam sua capacidade. “Os pacientes têm dificuldade de respirar sozinhos e por isso necessitam de equipamentos, os pulmões ficam prejudicados para fazer a troca gasosa, que consiste em captar o oxigênio e levá-lo até os vasos sanguíneos e eliminar o gás carbônico; e há um grande esforço do músculo respiratório”, enumera.
Para minimizar todos esses impactos o trabalho dos fisioterapeutas tem início logo que o paciente é internado e é seguido até sua alta. “Nosso grande objetivo é contribuir para que o quadro clínico do paciente nunca piore. No caso de pacientes da enfermaria, nos dedicamos a evitar que necessitem da UTI. Nos casos mais graves, já na UTI, trabalhamos para evitar a evolução mais severa da doença e eventuais sequelas”, explica. Na prática, isso significa atuar nas mais diversas frentes, como nos processos de intubação, ventilação, mudanças de decúbito, remoção de secreção brônquica, desmame de oxigênio e tantas outras práticas.
O cuidado vai além da parte respiratória. “Esses pacientes perdem a força muscular, desenvolvem problemas cardíacos, têm dificuldade de se locomover e nosso trabalho também inclui essas evoluções”, conta Gimenez. São exercícios, movimentos e aplicações de técnicas específicas.
A qualidade do trabalho de fisioterapia, aliado ao tratamento multidisciplinar é decisivo na qualidade de vida pós covid-19. “Hoje estamos empenhados em cuidar para que os pacientes possam ter uma melhor performance cardiorespiratória, tendo suas vidas salvas e, pós alta, tendo autonomia para atividades simples e diárias, como tomar um banho ou subir uma escada”, diz. Parecem situações simples, mas que para uma pessoa convalescida, representam grandes desafios.
A experiência no HSV, referência para atendimento de pacientes Covid-19 numa região de 900 mil habitantes e onde mais de 1.700 pacientes já tiveram alta médica após tratamento da doença, representa para o fisioterapeuta um grande aprendizado. “Sabemos que a Covid é uma doença viral aguda, que, como as demais do gênero, permite que o pulmão seja totalmente recuperado após a superação da doença. Mas isso depende de cada indivíduo. Ainda não sabemos ao certo quais são as sequelas dessa doença para o resto do corpo humano e em quanto tempo elas surgem. Mas posso afirmar que a fisioterapia ainda será uma das grandes aliadas na recuperação dessas pessoas”, finaliza.