No Brasil e no mundo, o tratamento com células T modificadas para expressar o receptor de antígeno quimérico (CAR-T) é uma modalidade de tratamento oncológico que avança e tem demonstrado taxas de resposta muito positivas, na maior parte dos casos. Especificamente em casos de NEOPLASIAS HEMATOLÓGICAS MALIGNAS, doenças refratárias ou recidivadas, como leucemia linfoblástica aguda (LLA), linfomas e mieloma múltiplo. Estudos em fases avançadas vêm sendo apresentados nos principais congressos médicos do mundo, incluindo o HEMO. Entretanto, a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) esclarece que a terapia com células CAR-T ainda se encontra em fase de estudo para outros tipos de tumores.
Nos últimos anos, a ABHH atua ativamente como um dos grandes colaboradores e protagonista neste debate sobre produtos de terapia gênica, com participações de seus membros em encontros e discussões dessa área do ponto de vista técnico-científico e educacional. E mais recentemente, a ABHH atuou como orientadora de agências reguladoras no que diz respeito às incorporações dessas novas tecnologias ao sistema de saúde.
Um dos pontos altos dessa atuação ocorreu em 2021, quando a ABHH reuniu mais de 60 experts nacionais e internacionais do mais alto nível e publicou o inédito Consenso Brasileiro sobre Células Geneticamente Modificadas. Elaborado por especialistas em doenças onco-hematológicas, hemoterapia, terapia celular e transplante de medula óssea, os artigos trazem recomendações sobre esta modalidade terapêutica.
É importante ressaltar que o tratamento com CAR-T é uma opção terapêutica ainda não disponível no sistema público, e ainda de alcance limitado no sistema privado, para pacientes que já foram submetidos a outras linhas de cuidado.
É certo que, do ponto de vista científico, a comunidade segue otimista com a crescente de possibilidades, como temos observado em protocolos adotados pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto. Esta terapia experimental, amplamente noticiada pela imprensa nos últimos dias, foi desenvolvida pelo Centro de Terapia Celular (CEPID-USP) e pelo núcleo de Terapia celular do Hemocentro de Ribeirão Preto, coordenado pelo médico Dimas Tadeu Covas.
Além dessas instituições, outras também estão desenvolvendo a terapia para o sistema público, como é o caso do Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto Nacional do Câncer, com protocolos de acordo com o sistema regulatório brasileiro para terapias avançadas.
Do aspecto de acesso, ainda temos uma longa jornada para percorrer, a fim de disponibilizar novas possibilidades ao maior número de pacientes. A ABHH seguirá atenta para atuar onde se fizer necessário, buscando a qualidade e equidade no tratamento dos pacientes hematológicos.