Por Alexis Ibarra O.
Apesar de estar em sedação profunda no Hospital El Carmen, em Maipú, no Chile, Nelson Lincopi disse ter escutado quando os médicos disseram a sua esposa “você tem que se despedir dele, não há mais volta”. “Minha esposa falava comigo. Eu chorava, ou parecia que estava chorando, mas não me movia, estava cheio de tubos e meu corpo não reagia”, conta o paciente de 38 anos, que estava à beira da morte depois de contrair a Covid-19.
Lincopi não morreu. Entre os médicos que o atenderam estava o Dr. Pablo Cruces, pediatra intensivista do Hospital El Carmen e pesquisador da Universidade Andrés Bello, que há quase 10 anos estuda o uso da hipotermia, ou resfriamento corporal, para tratar pacientes com dificuldade respiratória. Nelson Lincopi, jovem e sem comorbidades, era o candidato ideal para usar a técnica pela primeira vez em um paciente diagnosticado com o novo Coronavírus. Era sua última esperança de vida.
“A hipotermia em si não é uma técnica nova. É usada na área pediátrica, por exemplo, para evitar danos cerebrais em crianças que se afogam ou em pacientes que se submetem a operações em que o coração para, como ocorre em certas cirurgias cardíacas”, observa Cruces. O princípio científico da técnica é que ao resfriar o organismo abaixo dos 36°C que o corpo tem, ocorre uma mudança fisiológica. “Diminui-se a atividade metabólica, inibindo a ação das enzimas que realizam ‘tarefas’ no nível celular e produzindo um estado hipometabólico semelhante à hibernação”, explica.
Desde 2011, o médico investiga o uso da hipotermia em casos graves de dificuldade respiratória. “Ao baixar a atividade metabólica se exige menos dos pulmões, pois a necessidade de oxigênio é menor”, diz Cruces. Assim, se ganha tempo para que o organismo combata o vírus. Além disso, o Sars-CoV-2 possui certas peculiaridades nas quais a hipotermia também contribui. “Em nossos experimentos científicos básicos vimos que a hipotermia reduz o edema, e sabemos que pacientes com Covid-19 produzem edemas pulmonares. Também observamos que ela é capaz de reduzir os processos inflamatórios, outro efeito causado pelo vírus”, esclarece.
Devido às poucas chances de sobrevivência, Lincopi já não era mais um candidato apto à ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea), máquina que oxigena o sangue e que é o último recurso para pacientes com Covid-19. “Seus níveis de oxigenação eram mínimos e a possibilidade de sobrevivência sem ECMO era nula”, conta o médico. No hospital decidiram apostar no impossível. “Tivemos que aumentar a sedação do paciente para que ele não sentisse dor ou desconforto, e usar bloqueadores musculares, já que a reação natural é o calafrio que produz o efeito contrário: necessitar mais oxigênio e forçar o trabalho dos pulmões”, descreve Cruces.
O esperado era manter o paciente hipotérmico por 72 horas, mas quando o reaqueceram sua condição piorou. No total, ele precisou ficar cinco dias nessa condição. “Quando acordei, me tocavam e me sentia como carne recém-saída do refrigerador. Os funcionários do hospital me cobriam e me aqueciam”, lembra Nelson Lincopi já em sua casa em Maipú, onde se recupera sem maiores sequelas pulmonares.
Dr. Pablo Cruces diz que a terapia é facilmente aplicável, podendo ser realizada em qualquer centro hospitalar, tanto que o Hospital El Carmen já planeja utilizá-la novamente. O plano do médico é transformar essa experiência em uma publicação científica, já que a técnica chilena de hipotermia é pioneira no mundo para o tratamento da Covid-19. “O caso do Nelson ocorreu em junho de 2020. Só soubemos do uso da técnica em quatro pacientes no final de julho”, finaliza.
Fonte: Conteúdo originalmente publicado no jornal chileno “El Mercurio”, de 11/09/2020
Equipamento já está disponível no Brasil
Preocupada com o agravamento da situação da pandemia, a ArtMedical traz ao mercado nacional o Blanketrol® III – CSZ/GENTHERM, um sistema de hipertermia e hipotermia destinado a manter a normotermia ou aquecer/resfriar o paciente quando houver indicação. Pensado para baixar ou elevar a temperatura corpórea, o conjunto é composto pelo equipamento, colchão e sensor de temperatura esofágicoretal reutilizáveis.
Para realizar o procedimento terapêutico, o Blanketrol® III utiliza dois processos controlados eletronicamente por microprocessadores e sistemas de segurança. Abastecido com 7 litros e ½ de água destilada, permite que o operador programe a temperatura a ser transmitida ao paciente via colchão, por onde circula o líquido aquecido ou resfriado pela unidade.
“É uma excelente opção para auxiliar no tratamento da Covid-19, podendo ajudar a salvar vidas ao representar uma chance para aqueles pacientes considerados desenganados”, conta Raul França, engenheiro e diretor da empresa. “A demanda pelo Blanketrol® III começou na Europa, passou pelos Estados Unidos e vem chegando na América Latina, da mesma forma que o vírus iniciou sua circulação no mundo, fazendo com que a fábrica trabalhe em três turnos para atender a demanda por um equipamento considerado essencial no combate a pandemia inclusive aqui no Brasil, pela Anvisa, outra vantagem muito importante é que, diferentemente dos ventiladores e respiradores mecânicos que vêm sendo muito procurados no atual momento, mas que exercem uma função específica, o Blanketrol® III pode ser aplicado em diversos outros casos mesmo após o fim da pandemia em diversas áreas da unidade hospitalar, mostrando-se como um ótimo investimento em curto e longo prazo”, explica.
O modelo incorporou três novos controles de temperatura para garantir maior precisão, segurança e efetividade no gerenciamento da temperatura do paciente, acelerando o tempo de resposta ao tratamento e a recuperação. Esta nova tecnologia foi especialmente desenvolvida para proporcionar mais segurança aos procedimentos.
Ao ser ligado, o sistema se auto-calibra. Fornece leitura digital dos modos de operação e condições dos alarmes, além de efetuar leitura contínua de temperaturas do colchão e do paciente, em graus Celsius (°C). Possui ainda tecnologia gradiente de temperatura, que possibilita programar o aquecimento ou resfriamento gradual de acordo com o intervalo desejado, permitindo maior controle da variação de temperatura.
Diferenciais:
- Conectores à prova de erros e falhas;
- Alarmes;
- Colchões reutilizáveis (PlastiPad);
- By-pass interno para respostas mais rápidas (pré-aquece e pré-esfria com a água na unidade);
- Entrada para três colchões;
- Sistema microprocessado;
- Duplo reservatório com capacidade para 7,5 litros;
- Aquecedor de 800 watts.
Tel: (51) 3231-3415
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