No Hospital Santa Cruz, de Curitiba (PR), toda a equipe assistencial é incentivada a trabalhar com raciocínio clínico e epidemiológico desde o primeiro atendimento ao paciente. Dessa forma, técnicos e enfermeiros não só participam da construção do diagnóstico junto com o médico, como também contribuem de forma decisiva para a gestão da saúde e a consequente redução dos índices de infecção e mortalidade. A iniciativa faz parte do novo planejamento de enfermagem do hospital, que contempla a padronização de processos, a reorganização da coleta de dados e a capacitação continuada da equipe.
O raciocínio clínico é um processo mental feito pelo profissional de saúde para a construção do diagnóstico. “É pensar as possibilidades de tratamento de maneira crítica, unindo os conhecimentos teóricos sobre sintomas e doenças com o histórico do paciente para encontrar a abordagem mais adequada para cada caso”, explica a gerente assistencial do Hospital Santa Cruz, a enfermeira Mariane Cavalheiro. “Além de auxiliar na tomada de decisão e na adaptação das intervenções, o raciocínio clínico contribui para a melhoria da qualidade do serviço assistencial como um todo”, completa.
Em busca desse objetivo, o hospital promoveu o curso “Raciocínio Diagnóstico e Pensamento Crítico”. Coordenado pela professora do Programa de Pós-Graduação da PUC-PR, Marcia Regina Cubas, a capacitação teve como foco os enfermeiros e enfermeiras do quadro assistencial com abordagem teórica e prática. “Entendo que o raciocínio clínico é uma habilidade a ser adquirida. E habilidade só se adquire por repetição e discussão. Precisamos trabalhar a capacidade de exercitar o raciocínio clínico com ferramentas e estudos de caso”, destaca a professora.
A ideia é fomentar a criação de um grupo de estudos permanente, para que o Hospital Santa Cruz se consolide como referência em sistematização da assistência. “Embora o processo de enfermagem esteja legislado por uma regulação da profissão desde 2009, poucos hospitais conseguem organizar a sua estrutura interna como política e cultura institucional e trabalhar da forma como o Hospital Santa Cruz está propondo”, pontua a professora.