No dia 30 de julho, o evento ocorreu na Japan House São Paulo, na Bela Vista, e contou com a organização do Consulado Geral do Japão em São Paulo, reunindo especialistas do Hospital Santa Cruz (HSC), de São Paulo (SP), e da Universidade de Kyushu, além de autoridades. No dia 31 de julho, no auditório do HSC, na Vila Mariana, o HSC promoveu o V Seminário Hospital Santa Cruz de Cooperação Científica Brasil e Japão, em celebração aos 80 anos da Instituição, e contou com a presença de representantes da Universidade de Osaka, Kyushu, da RUTE – Rede Universitária de Telemedicina no Brasil e do Colégio Oshiman–Shohaku, além de representantes e nutricionistas dos hospitais nikkeis.
O Sr. Yasushi Noguchi, cônsul do Japão no Brasil, o Sr. Hiroshi Sato, diretor da JICA Brasil, e o Sr. Motonori Ueda, cônsul do Departamento de Economia do Consulado Geral do Japão em São Paulo, foram algumas das autoridades que marcaram presença.
O painel sobre Telemedicina foi aberto pelo Dr. Julio Yamano, diretor técnico do HSC, e contou com a participação do Prof. Keita Yamasaki, vice-diretor do Departamento de Saúde Global, e da Profa. Kaori Minamitani, ambos da Universidade de Osaka; do Prof. Tomohiko Moriyama, do Hospital Universitário de Kyushu e vice-diretor do TEMDEC – Telemedicine Development Center of Asia, e do Dr. Ing. Dipl. Inform. Luiz Ary Messina, coordenador nacional da Rede Universitária de Telemedicina no Brasil – RUTE.
De acordo com os palestrantes, a Telemedicina tem se apresentado efetiva para contribuir com a saúde geral do planeta, principalmente pelo baixo custo que representa. O Prof. Moriyama comentou que já foi possível se conectar com 70 países, 697 instituições e realizar 1.051 encontros remotos. Um dos principais estudos foca o alto índice de câncer de estômago na população japonesa, principalmente pelo alto consumo de sal e a incidência de pessoas que contraem a bactéria H. pylori. De acordo com o Sr. Messina, por meio das teleconferências da RUTE, já houve sessões com 138 hospitais universitários, além de 60 grupos de interesse. A Profa. Kaori Minamitani destacou a quantidade de imigrantes no Japão e a necessidade de atendê-los globalmente, inclusive com teleatendimento em outros idiomas.
O painel sobre culinária japonesa foi aberto pelo Dr. Koshiro Nishikuni, neurocirurgião do HSC, e destacou o treinamento realizado por sete nutricionistas de hospitais nikkeis, nos meses de maio e junho de 2019, com organização da JICA – Agência de Cooperação Internacional do Japão, no Hospital da Universidade de Kyushu e ministrado pelo Prof. Hirokazu Hanada, diretor do departamento de Nutrição. Entre os destaques, o Prof. Hanada falou dos sabores básicos: amargo, azedo, doce, salgado e do umami, que é o quinto sabor e está presente na dieta japonesa. Ele também chamou a atenção para a quantidade ideal que deve compor um prato, sendo 50% de carboidrato (gohan/arroz), 30% de vegetais + um caldo (missoshiro) e 20% de proteína, com destaque para peixes e frutos do mar, e destacou que o sabor da comida japonesa é resultado do equilíbrio entre o sal, o açúcar e o umami.
Segundo Solange Leal, nutricionista do HSC, os treinamentos focaram desde os processos mais simples, como a higienização do gohan (arroz), até o preparo de diversos pratos que fazem parte da alimentação dos japoneses no dia a dia, ou seja, o washoku: a verdadeira comida japonesa.
O Dr. Nishikuni destacou que o alimento deve ser o nosso remédio e chamou a atenção para a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2018), divulgada em julho de 2019 pelo Ministério da Saúde, que concluiu que mais da metade da população brasileira (55,7%) está com sobrepeso. “Em 2013, a verdadeira culinária japonesa se tornou Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, por ser saudável, equilibrada e levar em consideração a sazonalidade das estações do ano, tudo para tirar o melhor proveito nutritivo dos ingredientes”, finalizou.
A pedagoga e diretora Mayumi Kawamura Madueño Silva encerrou o painel contando a experiência no Colégio Oshiman–Shohaku, em funcionamento desde 1993, e que oferece um trabalho de educação nutricional, que incentiva os alunos a respeitarem o alimento e a entenderem que se alimentar adequadamente é muito importante. “A Instituição de ensino tem como foco oferecer o que a criança ou o adolescente iriam comer em suas casas, ou seja, uma variedade de alimentos, já que os estudantes ficam período integral”, complementou.
Em seu discurso de encerramento, o Sr. Renato Ishikawa, presidente do HSC, agradeceu a presença de todos em mais um evento organizado para marcar os 80 anos do HSC e destacou a importância da tradicional culinária japonesa e também da telemedicina, como mais uma maneira de ampliar o conhecimento na área médica. “É importante que cada pessoa seja defensora e transmita os benefícios que uma alimentação saudável, principalmente para as crianças, pode oferecer mais qualidade de vida e bem-estar, a exemplo do povo japonês, que é um dos mais longevos do mundo”, declarou.