O Hospital Santa Paula, o Instituto de Ensino e Pesquisas São Lucas, o Hemocentro São Lucas e a Dasa Medicina Diagnóstica deram início a uma pesquisa para tratamento contra a Covid-19 utilizando o plasma do sangue de pacientes que se recuperaram da doença. O estudo testará os efeitos e a segurança da transfusão de plasma contendo anticorpos para as pessoas em estado mais grave, cujo organismo não está respondendo ao vírus de forma efetiva.
Quando uma pessoa entra em contato com um vírus como o SARS-CoV-2, causador da Covid-19, seu organismo reage ativando o sistema imune inicialmente de forma difusa mas, em poucos dias, começa a produzir anticorpos específicos para combater aquele invasor. Na maioria dos casos, essa resposta impede que o vírus se multiplique, contendo a evolução da infecção e levando à recuperação. Em alguns pacientes, no entanto, a resposta imunológica e a produção de anticorpos podem não ser adequadas ou suficientes e o vírus tem a chance de se multiplicar descontroladamente, e isso pode levar à evolução da doença para quadros mais graves.
Para os casos em que o corpo não consegue produzir sozinho essa resposta eficaz contra o vírus, a transfusão de plasma doado por pacientes recuperados contendo os anticorpos pode ajudar o organismo a começar a reagir. “O conhecimento que temos até o momento indica que esses anticorpos de memória ficam na circulação sanguínea e podem ser transferidos para outras pessoa pelo plasma, que é a parte líquida do sangue”, explica o hematologista Elíseo Sekiya, presidente do Instituto São Lucas.
O estudo já recebeu aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e está em fase inicial. O primeiro passo é recrutar pessoas recuperadas da doença e coletar seu plasma, que será então congelado e avaliado. Em seguida, pacientes em estado grave internados no Hospital Santa Paula, em São Paulo, serão selecionados, por critérios técnicos e de inclusão no estudo, para receber a transfusão de plasma e serão observados para mensurar se a transfusão com os anticorpos provocará a diminuição da concentração de vírus e melhora do quadro clínico.
O Dr. Paulo Rocha, clínico geral e coordenador do Centro Cirúrgico do Santa Paula, acredita que o tratamento pode trazer resultados importantes. “O estudo tem um grande potencial e acompanha as mais avançadas pesquisas científicas que estão sendo conduzidas em todo o mundo para trazer uma esperança de cura contra a Covid-19. Precisamos lutar juntos contra a doença e a participação voluntária de doadores é essencial para salvar vidas”.
Podem se candidatar como doadores pessoas que tiveram Covid-19 confirmada por exame laboratorial e não apresentam sintomas da doença há mais de 14 dias. “Além disso, o candidato precisa ser avaliado quanto aos critérios para doação de sangue, uma vez que o produto doado será usado para transfusão ao paciente que está com a doença grave”, diz Elíseo Sekiya. Não podem se candidatar pessoas que pesem menos de 50 kg, tenham hepatite, tenham feito tatuagem nos últimos 12 meses, passado por endoscopia nos últimos seis meses, entre outros critérios.
Quem tiver interesse em participar do estudo como doador pode entrar em contato com o Instituto de Ensino e Pesquisas São Lucas pelos telefones (11) 3660-6032 ou (11) 99346-2140.