Inspirado no Guitar Hero, jogo eletrônico musical que exige pensamento rápido e movimento corporal, pesquisadores de São Paulo (SP) da área de Medicina, desenvolveram um game que auxilia pacientes com paralisia cerebral e proporciona uma rotina de exercícios às pessoas com deficiência física e cognitiva. Denominado de MoveHero, a plataforma web potencializa a reabilitação motora dos usuários a partir da participação no jogo.
A pesquisa, que teve início em 2016, faz parte do pós-doutorado da Dra. Talita Dias da Silva, fisioterapeuta que leciona no curso de Medicina da Universidade Cidade de S. Paulo (Unicid), instituição que integra a Cruzeiro do Sul Educacional. A plataforma on-line já foi testada em mais de três mil participantes, com diversas deficiências ou mesmo sem nenhuma deficiência e, os artigos científicos publicados recentemente apresentam a pesquisa feita com 44 participantes no período de isolamento pela quarentena – metade deles com paralisia cerebral e metade sem, com idades entre 11 e 28 anos em um programa de telerreabilitação, assim como também foi utilizada dentro do ambiente de internação hospitalar em pacientes com Covid-19 – e comprovou ser capaz de promover melhorias físicas e de esforço muscular nos praticantes.
Segundo Dra. Talita, o MoveHero surgiu da necessidade em dar continuidade a tratamentos interrompidos por conta da pandemia. Na prática, a partir de cadastro no jogo, dados dos usuários são coletados, e com análise dos resultados, é possível verificar o desempenho motor dos participantes, como também, as escalas de percepção, esforço, humor e satisfação com o jogo.
“É uma ótima ferramenta que alia medicina e diversão, nos faz avaliar o efeito e o impacto de um jogo em realidade virtual não-imersiva, como também traz a compreensão quanto à importância do teleatendimento e utilização de jogos para uma melhor qualidade de vida desses pacientes”, avalia a pesquisadora.
No MoveHero, o jogador precisa capturar bolinhas coloridas que caem da tela no ritmo de uma música ao fundo e é possível aumentar ou diminuir a dificuldade da partida conforme o avanço de fases. A pesquisadora justifica a necessidade da aplicação imediata da pesquisa como uma importante solução, principalmente para pacientes com paralisia cerebral, que precisam de estímulos constantes, apesar do período de pandemia e o isolamento social.
Além da Dra. Talita, da Unicid, participaram das pesquisas, docentes da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Universidade de São Paulo (USP), Oxford Brookes University e Bournemouth University, ambas da Inglaterra. Ainda pela Unicid, a docente ressalta a colaboração da coordenadora do curso de Medicina da Instituição, Dra. Denise Ballester, da professora Dra. Viviani Barnabé, e alunos do curso de graduação, que participaram a partir da Iniciação Científica e do teleatendimento aos pacientes.
O jogo virtual MoveHero pode ser acessado de qualquer lugar com conexão com a internet, e além disso, é possível contribuir com doações em dinheiro para ajudar a manter o acesso gratuito à plataforma. Para conhecer a iniciativa, acesse movehero.com.br.