Desde 2019 acontece o Julho Amarelo, campanha de prevenção das hepatites virais no Brasil, estabelecida pela Lei nº 13.802. Mundialmente, na quinta-feira, 28 de julho, é o Dia de Luta contra as Hepatites Virais, data instituída pela Organização Mundial de Saúde. Para orientar a população sobre a importância do diagnóstico precoce, o Hospital São Vicente Curitiba (PR) promoverá dois eventos gratuitos.
No dia 28, ocorrerá uma palestra aberta ao público, às 14h, no Centro de Especialidades (na entrada pela Rua Brigadeiro Franco, 1.733 – Centro), com a hepatologista Dra. Aline Moura, que explicará sobre a prevenção, diagnóstico e tratamento. Já no sábado, dia 30 de julho, profissionais de saúde do hospital estarão no Parque Barigui, entre às 8h e 17h, para tirar dúvidas e esclarecer sobre a doença, além de disponibilizar mil testes rápidos e gratuitos para hepatites B e C, fornecidos pela Secretaria de Saúde do Paraná. A ação tem o apoio da Sociedade Brasileira de Hepatologia.
“Estima-se que cerca de 0,5 a 1% da população mundial, consequentemente brasileira, é portadora de hepatites B ou C, mas não sabe. No caso da Hepatite C, hoje já foram tratados e curados cerca de 158 mil pacientes no Brasil. Se partimos do princípio da estimativa de quem não sabe que tem a doença, são mais de 1 milhão de pessoas com o vírus. Onde estão todas essas outras pessoas que ainda não tiveram acesso ao tratamento? Esse é o nosso maior desafio hoje: diagnosticar os portadores de hepatites B e C”, frisa Dra. Aline Moura, hepatologista do Hospital São Vicente Curitiba.
As hepatites virais são divididas em cinco tipos, sendo que as B e C são as que requerem maior atenção. A cirrose é a principal complicação e pode levar 20 anos ou mais para se desenvolver sem apresentar sintomas. “O que mais vemos na prática é o indivíduo ser diagnosticado quando a cirrose já está instalada, e isso é um complicador. A cirrose é um fator predisponente para câncer de fígado”, alerta a hepatologista. “Quando falamos da hepatite B, essa tem o risco, inclusive, de causar câncer de fígado em indivíduos sem cirrose”, revela.
Em média, 80% dos casos de hepatite B se curam espontaneamente, mas os 20% restantes desenvolvem a forma crônica da doença, sem cura, porém com tratamento para casos indicados e acompanhamento médico periódico para todos. Desde 1998, a vacina contra hepatite B também entrou no calendário de imunização infantil no Brasil. “Mas, ainda temos muitas pessoas que nasceram antes dessa data e não foram vacinadas”, lembra a hepatologista, reforçando a importância de quem nunca tomou a vacina contra a hepatite B, que está disponível gratuitamente para pessoas de qualquer idade, procurar uma unidade de saúde para a imunização.
No caso da hepatite C, cerca de 80% dos infectados evoluem para a forma crônica da doença, que até pouco tempo atrás, antes dos avanços no tratamento, foi a principal causa de transplante de fígado no Brasil e no mundo. Dra. Aline Moura comenta que na prática já se percebe uma redução das indicações de transplante, justamente por causa das evoluções do tratamento, que permite curar quase 100% dos casos. “Mas, uma coisa é ter o vírus e não ter cirrose. Nós tratamos o vírus e a pessoa segue com a vida normalmente. Mas, se ela tem hepatite C e chegou ao ponto de surgir a cirrose, o vírus vai embora, mas a cirrose continua. Isso diminui exponencialmente o risco de evoluir com necessidade de transplante, porque diminui a inflamação do fígado, mas essa pessoa nunca mais poderá deixar de ter acompanhamento médico”, afirma.
Prevenção das hepatites
Amarelão nos olhos, denominado icterícia, febre, indisposição, dor no corpo e articulações, náuseas e vômitos, dor de cabeça e, algumas vezes, dor na parte superior da barriga. Esses são os sintomas mais conhecidos das hepatites. Contudo, eles são mais comuns na hepatite A, que é transitória. “A hepatite A tem caráter benigno, não evolui com forma crônica, e a maioria das pessoas não desenvolve hepatite fulminante, quando precisa de transplante de emergência. Algumas vezes, precisam ser internadas, sobretudo os adultos que se infectam, mas na sequência começam a melhorar”, diz a hepatologista. Para prevenir, é preciso consumir alimentos bem higienizados, água potável e seguir os cuidados básicos de higiene, como sempre lavar as mãos. Desde 2014, também foi disponibilizada a vacina contra a hepatite A no calendário de imunização infantil.
Considerada uma doença sexualmente transmissível, a hepatite B pode ser prevenida através do uso de preservativo, cuidado no manuseio de materiais perfurocortantes, pois também pode ocorrer infecção por sangue e secreções contaminados, além do não compartilhamento de seringas nos casos de usuários de drogas injetáveis.
“A hepatite C é transmitida, principalmente, pelo contato com sangue contaminado, compartilhamento de seringas ou por materiais perfurocortantes não descartáveis ou mal esterilizados”, esclarece Dra. Aline Moura, lembrando para essa hepatite não tem vacina e que é sempre importante ficar atento a esterilizações de objetos em salões de beleza e estúdios de tatuagens, por exemplo.
Já os vírus das hepatites D e E não são prevalentes no Brasil, especialmente na região Sul.