“Depois que comecei a ver minha filha nessas filmagens ganhei forças para não desistir”, disse Naiara Miranda Fernandes, de 31 anos, ainda durante sua internação, no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém (PA).
O depoimento foi dado à equipe de enfermeiros do hospital logo após uma chamada de vídeo com a filha recém-nascida, Thalia Vitória. A bebê precisou ficar internada após o parto na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal. Mãe e filha ficaram separadas por dois andares. Elas se viram a primeira vez pela tela de um celular.
O contato foi possível por meio do projeto de Humanização “Visita Virtual”, realizado desde maio de 2020 pelo HRBA, unidade pertencente ao Governo do Pará e gerenciada pela entidade filantrópica Pró-Saúde.
Chegada à UTI
Grávida de 39 semanas e com dificuldade para respirar, Naiara Fernandes deu entrada na UTI do HRBA no dia 21 de fevereiro.
Apesar do quadro respiratório comprometido, Naiara não precisou de intubação, porém no segundo dia de internação, começou a perder líquido e entrou em trabalho de parto. Thalia Vitória nasceu no dia 25 de fevereiro. A pequena passou por exames que atestaram negativo para Covid-19, apesar da mãe positiva.
Videochamada em família
No dia da primeira chamada de vídeo em família, também participou Tassio Torres, marido de Naiara e pai de Thalia. A emoção tomou conta dos profissionais da Pró-Saúde que atuam UTI Neonatal. A ligação teve acompanhamento psicológico do hospital.
De um lado da chamada, o pai com a bebê no colo deu forças para a esposa se manter firme e disse que estavam aguardando por ela. “Isso [videochamada] é para você ter mais forças aí. Não se preocupe que logo ela estará nos seus braços”, disse Tassio emocionado, que na época estava há 11 dias sem ver a esposa.
Do outro lado da tela do celular, Naiara, com dificuldades para falar. “Ela está de olhos abertos. Deixa eu a ver mais. É muito linda, estou muito feliz. Vou sair daqui bem e com a minha filha”, relatou.
As altas e o reencontro
No dia 7 de março, um domingo, a pequena Thalia recebeu alta da UTI Neonatal. Nos braços do pai, ela foi levada para casa, para aguardar a saída da mãe. Uma semana depois, no dia 14, Naiara recebeu alta médica por melhora no seu quadro clínico.
“Aqui os enfermeiros são muito bons. Nos meus momentos de desespero me atraquei nos braços deles e me deram forças. São anjos guiados por Deus. Isso tudo faz a gente se recuperar mais rápido”, comentou Naiara.
Na saída do hospital, a paciente foi recebida pelos familiares e pela filhinha mais velha. Emocionada, foi para casa ansiosa pelo encontro com a pequena Thalia Vitória, nome dado pelos pais em agradecimento a saúde da bebê.
“A Covid-19 tem esse grande apelativo que é o isolamento. Quando estamos doentes, ou passando por uma situação de medo, dor, queremos o acolhimento. Queremos estar perto de quem a gente ama”, afirmou Terezinha Leão, pediatra da UTI Neonatal.
A profissional acrescenta que “ter um bebê e precisar ficar em isolamento, sem poder ver, tocar ou amamentar a criança aumenta o sentimento de angústia. A iniciativa de fazer a videochamada tem um valor imensurável que faz bem para os pacientes”.
Referência em média e alta complexidades no Estado do Pará, certificado com a ONA 3 pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), o Regional do Baixo Amazonas atende uma população estimada em mais de 1,3 milhão de pessoas, residentes em 30 municípios no Oeste do Pará, Baixo Amazonas e Xingu.
“O HRBA é referência para atendimento dos casos de Covid-19 desde o início da pandemia. Nossas diretrizes assistenciais são alinhadas com a missão da Pró-Saúde de levar atendimento de maneira segura, resolutiva e humana para toda a população”, destacou Hebert Moreschi, diretor Hospitalar.
O HRBA está entre os melhores hospitais públicos do país desde 2012, primeira vez que foi reconhecido nacionalmente por boas práticas assistenciais.
Em março, o hospital demonstrou sua expertise de gestão e excelência ao conquistar o 1º lugar no 4º Seminário Internacional de Segurança do Paciente e Acreditação em Saúde, realizado pela ONA.
No mês de abril a unidade foi incluída na edição 2020 do relatório mundial dos “Hospitais que curam o planeta”, promovido pela organização não governamental internacional Salud Sin Daño (Saúde Sem Dano).