“Máquinas revolucionam medicina, mas não substituem relacionamento médico-paciente”

O uso crescente da tecnologia na medicina e a importância do relacionamento médico-paciente foi um dos temas debatidos durante o XXIV Congresso Norte-Nordeste de Oftalmologia, que aconteceu em Salvador (BA) até o último sábado (17). Segundo o professor e médico oftalmologista Newton Kara José, que já ocupou os cargos de chefe do Departamento de Oftalmologia da USP e Campinas, atualmente já existem robôs na China que atendem em clínicas com alta precisão nos diagnósticos. Segundo ele, em pouco tempo até 80% do trabalho de um médico será realizado por equipamentos de última geração, principalmente ligados a exames de imagem. Termos como Inteligência artificial, cirurgias em 3D, terapia genética e a utilização de células tronco na oftalmologia são assuntos já corriqueiros entre os médicos.

Apesar desta transformação brutal que se aproxima rapidamente do segmento médico, Kara afirma que os profissionais de medicina devem se preparar agora para adquirir novas funções, que a máquina não é capaz de fazer. “Uma situação que jamais poderemos perder é o relacionamento com os pacientes. Esta capacidade nunca será superada pelas máquinas, ninguém consegue substituir a relação pessoal, que promove o conforto e a esperança. Isto não mudará nunca”, disse o professor.

De acordo com o presidente da Sociedade Norte Nordeste de Oftalmologia (SNNO), Jorge Rocha, a parte humana não será apreendida na sua totalidade pelas máquinas. “Incrível como esta discussão já é real. A Inteligência Artificial, por exemplo, pode diagnosticar, através de um poderoso algoritmo na nuvem, problemas diversos, mas não substitui o contato médico-paciente”, disse ele. A IA é baseada em deep learning, uma espécie de aprendizado de programa de computador por conta própria. O processo é simples. O médico tira a foto do olho do paciente e encaminha para o sistema, via computador, que consegue detectar doenças graves, como processos degeneração de mácula, glaucoma e retinopatia diabética. Segundo Rocha, que já trabalha com este sistema, o percentual de erro é de apenas 5%, e terá como mérito maior o custo do exame, que tende a cair e o alcance de parcela da população hoje desassistida.

Além da IA, os congressistas têm utilizado um simulador de cirurgias. Hoje, existem apenas dois destes aparelhos, em todo o país. “Esta é uma grande novidade no setor. Os médicos residentes, ou os profissionais que querem se especializar em outra técnica cirúrgica, podem treinar sem risco a nenhum paciente”, disse o presidente da SNNC, Jorge Rocha.

Para falar de células tronco, foi convidado o especialista em retina pela Universidade do Sul da Califórnia (USC), o médico oftalmologista Lawrence P. Chong. A técnica é muito incipiente no mundo inteiro, mas os estudos mostram um campo vasto de possibilidades. “É uma área que vai crescer, mas ainda vamos precisar de muitos anos de pesquisa na área”, afirma Rocha.

Redação

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