Medula Óssea: redução de doações e transplantes preocupa comunidade médica

Nesse novo normal, como fica o atendimento pré-hospitalar em um acidente? Quais os riscos? Que cuidados os médicos e enfermeiros devem tomar por conta da Covid-19? A epidemia mudou o atendimento pré-hospitalar? Essas são algumas das questões que estão sendo discutidas online, todas as quartas-feiras do mês de setembro, na 11ª Jornada Internacional de Trauma, um dos mais importantes eventos sobre o tema no Brasil, que reúne grandes nomes do Trauma no mundo.

Uso de ECMO (Suporte de Vida extra-corpóreo) no Doente Traumatizado é o tema de hoje, essa discussão e troca de experiência entre os serviços, são essenciais para a melhoria da qualidade nos atendimentos. “O Trauma torácico fechado por vezes se complica com síndrome de desconforto respiratório agudo e grande dificuldade de ventilação mecânica secundário a contusão torácica. Além do que o paciente fica por vezes restrito em movimentações que dificultam terapias importantes nesse paciente como posicionamento em prona, por esse motivo consideramos ECMO para pacientes com contusão pulmonar extensa”, afirma o Cardiologista e Intensivista do Hospital Brasília, Vitor Barzilai.

Só quem já recebeu o diagnóstico de um câncer ou uma doença rara no sangue (leucemia, linfoma, anemia falciforme entre outras 200 doenças), sabe quanto um transplante de medula óssea (TMO) é importante. Entretanto, a pandemia de Covid-19 provocou uma queda no número de transplantes e de doadores de medula óssea colocando em risco a vida de pacientes que precisam do procedimento.

Até maio deste ano, foram cadastrados 106.963 novos doadores, segundo o REDOME1 (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea, do Instituto Nacional de Câncer), número que representa apenas 36% dos registros feitos em 2019 no mesmo período.

Atualmente no Brasil cerca de 850 pessoas vivem contando os dias à espera de um doador compatível entre os pouco mais de 5 milhões de doadores voluntários registrados1. Além disso, existem apenas 70 centros autorizados a efetuar o procedimento, e somente 30 têm habilitação para transplantes com doadores não aparentados, entre os quais os hospitais da Ímpar.

Expertise e reconhecimento internacionais

A paulista Vânia Valfogo Akagi, 31 anos, foi diagnosticada com linfoma de Hodgkin – tipo de câncer que se origina no sistema linfático e precisou ser submetida ao TMO do tipo autólogo, em que o paciente recebe as próprias células (células-tronco hematopoiéticas). O procedimento foi realizado no Hospital 9 de Julho, em São Paulo, primeiro e único hospital no mundo a ter seu programa de cuidados clínicos em Transplante de Medula Óssea (TMO) certificado pela Joint Commission International (JCI).

“Para conquistar o selo, o hospital foi avaliado em seu atendimento aos pacientes submetidos ao transplante desde a admissão no hospital, até o final do ciclo de 100 dias após a infusão de medula. Sermos o único do mundo a receber o reconhecimento da comissão mostra a competência da nossa equipe multidisciplinar altamente capacitada e a qualidade do atendimento oferecido”, explica ressalta Emerson Gasparetto, Chief Medical Officer da Ímpar.

A bióloga carioca Raquel Melo, 32 anos, foi diagnosticada com leucemia mieloide aguda (LMA), tipo de câncer em que há um excesso de glóbulos brancos no sangue ou na medula óssea.  Ela foi submetida a um transplante alogênico não aparentado, ou seja, a medula veio de um doador  100% compatível proveniente do banco de doadores de medula óssea[i], no Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), hospital da Ímpar que responde por cerca de 60% do total de TMOs realizados no estado do Rio de Janeiro.

Segurança reforçada para o paciente

O Hospital Brasília (Hobra), pertencente a Ímpar no Distrito Federal, é um dos poucos no País com expertise na realização de TMO como tratamento para a anemia falciforme, uma doença genética e hereditária, caracterizada por uma alteração anatômica nos glóbulos vermelhos (hemácias). Foi no Hobra que, em novembro de 2019, Dalva Carvalho Mendes Vidal, 38 anos, passou pelo procedimento tendo o irmão como doador. Hoje ela segue em recuperação e livre dos sintomas que a impediam de ter uma vida saudável e com qualidade.

Esses são apenas três entre os mais de 500 transplantes de medula óssea (TMO) realizados nos últimos três anos, nos hospitais da Ímpar que estão credenciados junto ao Sistema Nacional de Transplantes (SNT): Complexo Hospitalar Niterói – CHN (RJ), Hospitais 9 de Julho e Santa Paula (SP) e Hospital Brasília (DF).

“Doadores e pacientes que necessitam deste tipo de transplante devem dar continuidade a seus tratamentos. Nossos hospitais e equipes médico-assistenciais são altamente qualificadas e estão entre as poucas do país com expertise para realizarem o TMO haploidêntico, alternativa para casos graves em que não se encontra doador 100% compatível. Diferente do transplante não aparentado, o haploidêntico exige mais técnica e experiência das equipes, porque consiste em manipular as células de um doador parcialmente compatível (50%), geralmente um parente próximo como mãe, pai ou irmão do paciente”, ressalta Emerson Gasparetto, Chief Medical Officer da Ímpar.

O executivo explicou ainda que com a pandemia, os hospitais da Ímpar que já seguem protocolos e processos de padrão internacional, adotaram medidas ainda mais intensas para garantir maior segurança contra a contaminação por Coronavírus aos pacientes que necessitam de transplante.

Como é feito o TMO?

A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso que ocupa o interior dos ossos e onde são produzidas as células do sangue (hemácias, leucócitos e plaquetas). Quando uma doença afeta o funcionamento desse sistema, o transplante de medula óssea (TMO) pode ser o tratamento com maior chance de cura.

O TMO pode ser alogênico (quando a medula é obtida de um doador compatível), autólogo (a medula óssea ou as células tronco periféricas são retiradas do próprio paciente, armazenadas e reinfundidas após altas doses de quimioterapia) ou ainda haploidêntico, no qual o paciente recebe a medula de um doador parcialmente compatível, o que reforça a alta qualificação das equipes e a constante busca pela inovação.

Para receber o transplante, o paciente passa por um tratamento que destrói a sua própria medula para, em seguida, receber o material do doador sadio como se fosse uma transfusão de sangue. Essa nova medula é rica em células chamadas progenitoras, que vão circular pela corrente sanguínea até se alojar no interior dos ossos, onde se desenvolvem. Até que essa nova medula se forme, o paciente deve permanecer isolado para evitar infecções.

[i] Dados do REDOME (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea, do Instituto Nacional de Câncer), disponível em: redome.inca.gov.br/doador/como-se-tornar-um-doador

Redação

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