No jargão do futebol, a morte súbita era um método de desempate utilizado para definir o ganhador de um jogo eliminatório. Na saúde, porém, o termo é muito mais sério, conforme explica o cardiologista Dr. Cláudio Cirenza, que falará sobre o tema durante o 40º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), em 20/6, na mesa redonda “Morte súbita no Brasil: é possível prevenir?”.
O óbito ocorre em até uma hora após o início dos sintomas em indivíduos supostamente saudáveis. No caso da morte súbita cardíaca, há um agravante: as vítimas têm cardiopatia congênita ou adquirida, normalmente não diagnosticada. “É um grave problema de saúde pública em todo o mundo. Em dados mundiais, estima-se que 17 milhões de pessoas morram anualmente por doenças cardiovasculares e 25% delas são de morte súbita”, afirma Dr. Cirenza.
Durante a palestra do especialista, ele falará sobre prevenção e tratamento nesses casos, além de citar as parcelas da população que têm maior risco. “Na maioria dos casos, o indivíduo é supostamente saudável e a principal causa da morte é o Infarto Agudo do Miocárdio”, explica o especialista. Uma estimativa da American Heart Association mostrou que apenas 10% dos pacientes sobrevivem quando o evento ocorre em local público. Em residências, esse índice cai para 6%.
Ele esclarece que a presença do Desfibrilador Externo Automático (DEA) em pontos estratégicos, como shoppings, estádios, aeroportos, transporte público e condomínios, onde há grande circulação de pessoas, pode reduzir a quantidade de mortes súbitas. “É preciso, também, ter pessoas treinadas. A desfibrilação rápida, trazendo o coração de volta para o ritmo normal, é essencial para salvar o paciente”.
Segundo Dr. Cirenza, quanto mais pessoas são treinadas em reanimação cardiopulmonar, na sociedade como um todo, maiores são as chances de sobrevida da vítima. Atento a essa realidade, a Socesp promove o Projeto Social “Nós Cuidamos do seu Coração”, que já treinou mais de cinco mil crianças de escolas públicas, a partir dos 12 anos de idade, para identificar e prestar os primeiros socorros para pessoas acometidas por ataques cardíacos, incluindo a prática de massagem torácica. A iniciativa é liderada pelo diretor do Centro de Treinamento em Emergências da Socesp, Dr. Agnaldo Piscopo e conta com a parceria da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo.
Destaques dessa edição do Congresso da Socesp
Nesta edição do congresso, a grande novidade é a Arena Inovação e Tecnologia, que apresentará cerca de 15 startups da área de saúde com soluções em Digital Health, incluindo aparelhos, aplicativos e novidades em imagem. O evento conta com mais de 160 atividades para o público médico, 100 atrações para profissionais de outras áreas da saúde e oito palestrantes internacionais para debater e trocar experiências sobre formas de reduzir a mortalidade por doenças cardiovasculares.
São esperados mais de sete mil profissionais da saúde de todo o Brasil, salienta Dra. Lilia Nigro Maia, presidente do evento, revelando: “A programação científica foi preparada por equipe multidisciplinar, formada por profissionais referenciais em sua área de atuação”.
Para o cardiologista José Francisco Kerr Saraiva, presidente da Socesp, o propósito do encontro anual é contemplar especialistas veteranos e jovens profissionais, dando luz às evidências científicas que podem melhorar a prática clínica. “A discussão das novas tecnologias é essencial para demonstrar novos modelos que facilitem o exercício da cardiologia e reduzam a mortalidade por doenças cardiovasculares em todo o mundo”, afirma.
Além da Arena Inovação e Tecnologia, haverá sessões como hands on, medicina de consultório, palestras em 21 arenas e atividades voltadas aos acadêmicos. Debates e colóquios também contemplam uma programação especial, incluindo grandes plenárias e palestrantes internacionais. No último dia do evento, haverá palestras de diferentes temas, com um resumo do que foi tratado durante todo o congresso.
De acordo com a Dra. Maria Cristina Izar, diretora científica do 40º Congresso da Socesp, “as atividades convidam para uma imersão em assuntos que contribuem para a melhora da qualidade assistencial, com apresentação de estudos que causam impacto à nossa prática, além de trabalhos originais que engrandecem a cardiologia de nosso país”.
Para o Dr. José Francisco Kerr Saraiva, o congresso é muito importante também na formação de pesquisadores e jovens cientistas. “São oferecidos amplos espaços, com o propósito de mostrar as tendências naquilo que existe de melhor na produção científica nacional”, afirma.