Um estudo científico realizado na Suécia e na Finlândia propõe mudar a forma como o diabetes (elevação de glicose no sangue, que se não tratada, pode prejudicar o funcionamento de diversos órgãos como rins, olhos e coração) é classificado: hoje, a doença é dividida em apenas dois tipos, sendo o diabetes tipo 1, quando o paciente não consegue produzir insulina suficiente, e o tipo 2, quando o corpo produz menos insulina do que o necessário para atender à demanda imposta por fatores como resistência insulínica e obesidade. Realizado com mais de 14 mil pessoas recém-diagnosticadas, o estudo indica que a classificação em cinco modalidades seria mais indicada por levar em consideração características como idade, IMC (índice de massa corporal) e a quantidade de insulina produzida.
Segundo a presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Paraná (SBEM-PR), Silmara Leite, a nova classificação deve ajudar os médicos a tomarem melhores decisões terapêuticas. “Um paciente que desenvolveu a doença com a idade e um paciente mais jovem, porém sem quadro de obesidade, eram visualizados da mesma maneira. Entretanto, são situações totalmente diferentes, que demandam cuidados direcionados”, complementa. Na nova classificação, o diabetes tipo 1 permanece inalterado, com a divisão do atual tipo 2, que corresponde a aproximadamente 90% dos casos, em quatro categorias. Silmara complementa: “Agora, o diabetes de severa resistência à insulina, o relacionado à idade e o relacionado à obesidade são visualizados separadamente. A deficiência de insulina acaba sendo classificada de maneira diferente de quando o paciente é autoimune”.
Obesidade é a grande culpada pelo aumento de diabetes
O aumento da incidência do diabetes em todo o mundo – segundo a Organização Mundial da Saúde, há 422 milhões de pessoas com a doença – está relacionado com a obesidade e o sedentarismo. Na última década, o número de casos subiu em 61,8% no Brasil – e a obesidade aumentou em 60% entre 2007 e 2016. Sobre o assunto, Silmara adiciona: “Hoje, mais da metade dos brasileiros está acima do peso. Se não houver uma conscientização e uma mudança na alimentação, é possível que tenhamos cada vez mais casos de diabetes precoces”.
A presidente da SBEM-PR ainda destaca que há outros tipos de diabetes que podem ser relacionados a doenças ou a momentos de vida, como o diabetes gestacional. Apesar desse tipo normalmente desaparecer após o nascimento da criança, pode aumentar as chances da mulher desenvolver doenças cardiovasculares. “O bebê ainda pode desenvolver a doença no futuro. É mais um motivo para que as mulheres prestem mais atenção em como se alimentam e se exercitam durante sua gestação”, complementa.