Mulheres na saúde: graças ao programa de mesadas, estudante consegue se matricular no curso de Medicina

O Brasil é celeiro para a formação de grandes profissionais de saúde, são mais de 500 mil médicos formados todos os anos. Para 2030, a perspectiva é que esse número ultrapasse os 800 mil. É o que aponta o estudo realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em parceria com a Universidade de São Paulo. Só em 2021, durante o pico do Covid-19, foram mais de 24 mil novos médicos formados.

Nos últimos 10 anos, houve um aumento expressivo no número de médicos, cinco vezes mais do que o de habitantes. Hoje, o Brasil tem 2,4 profissionais para cada mil habitantes. Outro dado estimado pelo CFM é que 25 mil médicos são formados anualmente, e mais de 38 mil vagas de graduação são abertas, ou seja, há um desnível acentuado entre a oferta e número de médicos na área.

Se mais jovens tivessem acesso à educação e recebessem incentivos para estudar, essa balança, certamente, penderia para um lado só: muitas vagas disponíveis e médicos capacitados para preenchê-las em todo país, até nas regiões mais abastadas e desfavorecidas que ainda carecem de atendimento médico.

A boa notícia é que, com a chegada das fintechs, sobretudo as que são voltadas para a educação, impacto social, fomento e impulsionamento de carreiras, mostra que a longa barreira que existia e separava o sonho de estudar e o acesso para chegar lá, estão sendo dissolvidas pouco a pouco. Um exemplo é a Elleve, voltada para a área educacional que, graças ao programa de incentivo na área da saúde, a mesada Elleve+med, está transformando vidas e ajudando na formação de médicos.

A história da jovem Ayalla Espelocin, ilustra bem esse cenário. Após muitas portas fechadas, propostas de financiamento com altas taxas de juros e a obrigatoriedade de ter um fiador, ela teve a oportunidade de entrar para o programa de mesadas. Mas o caminho até aqui não foi fácil. “Se não fosse a oportunidade que tive agora, não conseguiria fazer atividades extras que julgo serem fundamentais para minha formação médica como curso de inglês que eu havia interrompido e congressos que eu não estava podendo participar.”, desabafa.

Segundo a estudante, em nenhum momento ficou receosa em não conseguir pagar a mesada após formada, pois já até recebeu propostas de emprego na cidade em que mora, Santa Maria, no Rio Grande do Sul. “Isso me deixa muito segura e confortável, pois com um plantão eu já consigo quitar a parcela do mês, depois de formada”, conta.

Desde pequena, Ayalla diz que queria fazer algo relevante e nobre para ajudar as pessoas em situação de vulnerabilidade social. “No final do ensino fundamental, eu decidi que queria ser médica e fiz o ensino médio focando no vestibular de universidades federais. Eu não fui aprovada de primeira e comecei a fazer cursinho pré-vestibular, que acabou resultando em seis anos de preparação, vários vestibulares longe de casa, vários “nãos” até conseguir o sim e passar em uma universidade privada”.

Entre pedras no caminho, a oportunidade de se formar

Com o financiamento em formato de mesadas, a aspirante à médica consegue manter sua formação em Medicina, nesta que é uma fase muito difícil. Muitos dos estudantes, como é o caso da própria Ayalla não estão trabalhando na área ou se abstém no momento de uma ocupação, já que o curso requer dedicação integral aos estudos e aos estágios. Em muitos casos, o aluno divide o aluguel com colegas de classe, sem contar o gasto com compras de livros e inscrições em provas, título de especialista, congressos e seminários.

Quando perguntada se existe mesmo a falta de incentivo no Brasil para ser médico (a), a resposta dela é positiva. “Acredito que falte apoio sim, pois como trabalhamos e geralmente em turno integral, fica muito difícil exercer uma atividade remunerada. Além disso, durante a residência, a bolsa que recebemos é muito baixa pela carga horária exercida e, por isso, muitas vezes, temos que dar plantões extras aos finais de semana, e isso acaba impactando de forma negativa a saúde mental, devido ao estresse e cansaço acumulado, já que as jornadas de trabalho se tornam diárias devido aos finais de semana de trabalho extra”, afirma.

Com relação ao principal desafio que enxerga na profissão que escolheu, é conseguir trabalhar em um local que tenha boas condições de trabalho, com equipe qualificada, infraestrutura adequada, salário compatível com a carga horária proposta. Aos 32 anos, a futura médica revela que seu maior sonho, após formada, é fazer a residência em Oftalmologia e poder mobiliar o consultório com equipamentos modernos para poder atender bem meus pacientes – ela que se forma em julho de 2023.

“Também pretendo fazer um dia no mês de consultas gratuitas para pessoas que necessitam. Principalmente para as crianças que estão em idade escolar e não conseguem consultar o oftalmologista devido a enorme demora nos serviços para encaminhar”, finaliza.

Redação

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