Por conta das mais de 650.000 pessoas que têm hepatite C e não sabem, a próxima edição do +Saúde irá oferecer ao público um dia dedicado a exames e a uma campanha informativa na calçada da Fiesp, em São Paulo (SP), no dia 27 de julho, das 11h às 15h. Devido à gravidade da situação viral no país, entidades e o Ministério da Saúde estão realizando ações para eliminar a doença até 2030. A iniciativa do Comitê da Cadeia Produtiva da Saúde e Biotecnologia (ComSaude) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com o apoio da Associação Paulista para o Estudo do Fígado (Apef), também colabora para esta meta.
Durante a campanha, médicos e profissionais de saúde voluntários vão informar e orientar as pessoas sobre os riscos, os novos tratamentos e a importância de se realizar o teste para diagnóstico da hepatite C. Trata-se de um exame simples, com rápida resposta, que pode ser realizado gratuitamente em centros públicos de saúde. Com o diagnóstico precoce e tratamento adequado, as chances de cura saltam para 90%.
O desenvolvimento da hepatite C é lento; muitas vezes ela é assintomática e pode demorar até 30 anos para os sintomas surgirem. Normalmente só é detectada em estágio avançado, muitas vezes quando o paciente já desenvolveu câncer e/ou necessita de transplante. Sua transmissão pode ser por sangue contaminado, sexo desprotegido, compartilhamento de objetos cortantes e de uso pessoal. Muitos não sabem que em uma simples ida à manicure, por exemplo, e utilizar um cortador infectado já possibilita o contato com vírus. O objetivo da ação é reforçar para todos que não basta ter o comportamento de risco; qualquer um pode ter a doença.
Segundo o Boletim Epidemiológico 2018, emitido pela Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, a hepatite C é atualmente a principal causa de óbito entre as hepatites virais e representa a terceira maior causa de transplantes hepáticos. Nesse sentido, o principal objetivo do evento é levar informação adequada, fomentar o diagnóstico e direcionar as pessoas para tratamento adequado.
Medidas extremas podem ser evitadas com uma simples picada no dedo que permite o diagnóstico em cerca de 20 minutos. Entretanto, mesmo com tanta facilidade, há ainda muita gente que não sabe da infecção. Estima-se que cerca de 1,5 milhão de brasileiros já tiveram contato com o vírus VHC (ou HCV, em inglês) e, destes, 650 mil estejam em condições de tratamento, mas a grande maioria não sabe que está doente.
O Ministério da Saúde também lançou um plano para eliminar a hepatite C até 2030, propondo a simplificação do diagnóstico no SUS (Sistema Único de Saúde). De acordo com o estudo do governo, o Brasil registrou 40.198 casos novos de hepatites virais em 2017 e 718.837 diagnósticos entre 1999 e o ano passado. Apesar de os casos de hepatite C diminuírem ao longo dos anos, o estudo ainda mostra que a regressão não é suficiente: foram 28.397 casos em 2016 contra 24.460 neste ano.
Medidas preventivas, como a edição do +Saúde, colaboram para reduzir este número. “Quando a população tem acesso a informações e tratamentos de uma doença como esta, é possível, sim, estimular o diagnóstico e também reduzir a mortalidade. Nós estamos trabalhando para promover ações direcionadas à prevenção e esperamos que todos ajudem a diminuir esses índices adotando práticas saudáveis e exames preventivos”, explica Ruy Baumer, diretor titular do ComSaude.