No mês em que a Organização das Nações Unidas (ONU) celebra o Dia Mundial da Saúde Mental (10), o Polo de Atenção Integral à Saúde Mental Papa Francisco (PAI), que está completando nove anos, passa a oferecer um novo serviço: o atendimento ambulatorial em Psiquiatria. Inaugurado pelo Papa Francisco em sua visita ao Brasil em 2013, o PAI foi o primeiro serviço de emergência e internação da especialidade a funcionar dentro de um hospital geral no Rio de Janeiro, o Hospital São Francisco na Providência de Deus (HSF-RJ), sendo um dos poucos até hoje nessa configuração. Para mobilizar a população sobre essa doença, a campanha mundial deste ano tem como tema ‘Tornar a saúde mental e o bem-estar para todos uma prioridade global’.
“A ONU estima que uma em cada oito pessoas em todo o mundo vivia com um transtorno mental, antes da pandemia da Covid-19, situação que agravou ainda mais esse problema de saúde. São inúmeros os relatos de ansiedade e depressão no mundo pós-pandêmico. Ao oferecer esse serviço estamos dando nossa contribuição para a saúde mental de muitos pacientes que se sentem fragilizados e que muitas vezes são vítimas de estigmas e preconceitos”, diz Frei Isaac Prudêncio, diretor geral do HSF.
O PAI conta com uma equipe multidisciplinar para prestar atendimento a pacientes com transtornos mentais e dependência química. “Nossas equipes multidisciplinares, formada por profissionais de enfermagem, psicologia, nutrição, terapeutas ocupacionais, educador físico, assistente social e médicos de diversas especialidades, atuam para dar qualidade de vida a estas pessoas e seus familiares e para que possam retornar às suas atividades, com segurança, o mais rápido possível”, afirma o coordenador administrativo do serviço, Emerson Simões.
O PAI conta com 58 leitos no total: 28 leitos femininos, 25 masculinos e cinco leitos para pacientes adolescentes, com idades entre 12 e 17 anos. “Abrir vagas para este público jovem foi uma necessidade que surgiu durante a pandemia, com o aumento de casos de transtornos psiquiátricos. Para atender esse público, criamos uma ala especial, separada e com acomodações para que o responsável pelo menor de idade possa acompanhar sua internação”, explica Simões.
O psiquiatra Lucas Mendes aponta como diferencial o fato do PAI estar dentro de uma unidade de saúde de alta complexidade. “Esse suporte clínico faz toda a diferença e garante mais segurança no cuidado aos pacientes. Ou seja, se for necessária alguma intervenção, podemos realizar com maior agilidade, seja um exame laboratorial, uma investigação neurológica ou mesmo uma emergência clínica que exija transferência para um CTI. E enquanto este paciente estiver na unidade clínica, continuará contando com o acompanhamento psiquiátrico. Isso é muito importante porque muitos pacientes têm comorbidades clínicas graves”, afirma o psiquiatra.
O psiquiatra explica que ao oferecer também atendimento ambulatorial, o propósito foi expandir a nossa rede de cuidados em saúde mental. “Antes, contávamos apenas com a emergência 24h e a internação. Mas percebemos que os pacientes não tinham adesão a um programa de atenção primária e não seguiam com o acompanhamento psicológico ou psiquiátrico. Como consequência, muitas vezes era necessária a reinternação. O acompanhamento ambulatorial chega para garantir mais qualidade de vida aos nossos pacientes”, diz Mendes.
Depressão, transtornos de personalidade, transtorno afetivo bipolar, estresse e dependência química estão entre os distúrbios mais prevalentes nos pacientes que buscam o ambulatório ou a internação no PAI.