O Brasil é um dos únicos países do mundo que oferece acesso integral, universal e gratuito aos serviços de saúde para toda a população do país através do Sistema Único de Saúde (SUS)2. Entre as diversas atividades exercidas pelo SUS estão os transplantes de órgãos. Segundo o Ministério da Saúde, 96% dos procedimentos no país são financiados pelo SUS[3]. E para conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos, a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) realiza diversos eventos e atividades durante esse mês, conhecido como Setembro Verde em apoio a causa
O Brasil ocupa o segundo lugar em números absolutos de transplantes de órgãos no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos[3]. De janeiro a junho desse ano foram realizados 3.632 transplantes entre coração, fígado, pâncreas, pulmão e rim; 3.963 de córnea e 1.302 de medula óssea no país[1]. O levantamento da ABTO mostra que houve queda de 6,5% na taxa de doadores efetivos no primeiro semestre desse ano, comparado ao mesmo período de 2019. “Devido à pandemia, o Brasil viu uma diminuição no número de procedimentos, porém, ainda assim, a queda não foi tão drástica quanto a que foi vista em países como Espanha e Estados Unidos[1]”, afirma Gustavo Fernandes Ferreira, médico nefrologista e Vice-presidente da ABTO.
Em comparação com o primeiro semestre do ano passado, a maior diminuição foi a de transplante de córnea com queda de 44%, seguido da de pâncreas (29,1%), pulmão (27,1%), coração (27,1%), rim (18,4%) e fígado (6,9%)[1]. As regiões do país que viram maior diminuição na taxa de doadores efetivos foram Norte (47,4%), Nordeste (37%) e Centro-Oeste (12,6%). Enquanto isso, as regiões Sul e Sudeste tiveram um aumento de 5% e 3,1%, respectivamente[1].
O Dr. Gustavo explica que as doações de órgãos podem ser feitas por pessoas vivas ou por falecidos. “É possível doar parte do fígado, da medula óssea ou do pulmão, assim como um dos rins, ainda em vida. Para doadores falecidos, o procedimento só é autorizado quando há morte encefálica e autorização da família[3]”, explica o Vice-Presidente da ABTO.
Cada órgão possui um tempo de isquemia para que o transplante pode ser realizado. “A isquemia é o tempo máximo em que o órgão pode ficar sem receber irrigação sanguínea. Esse tempo varia de acordo com o órgão. Por exemplo, o coração tem um tempo de isquemia de 4 horas, enquanto o do fígado é de 12 horas e o de rim, 48 horas[3]”, esclarece o nefrologista.
Como se tornar um doador de órgão?
O Dr. Gustavo afirma que é preciso avisar a família sobre o desejo de ser um doador de órgãos, “pois, a família precisa autorizar a doação quando há morte encefálica. Só com esse consentimento, conseguimos avaliar os órgãos do falecido que poderão ser doados a quem necessita de um transplante”.
O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) é o órgão responsável pelo controle da lista de espera que é definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado[3]. O paciente que espera por um transplante pode esperar por um longo tempo, já que a demanda por órgãos é maior do que o número de doadores. “Por isso, é de extrema importância que as pessoas se conscientizem sobre o assunto e caso se tornem doadores que comuniquem junto à suas famílias”, ressalta.
No caso da doação de medula óssea é possível se cadastrar voluntariamente no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), que já possui mais de 4 milhões de cadastros, colocando o Brasil como o terceiro maior registro do mundo. O Redome também possibilita uma busca global, o que aumenta as chances de o paciente encontrar um doador compatível para o transplante de medula óssea[3].
Para saber mais sobre as ações da ABTO durante a campanha Setembro Verde e doação de órgãos em geral, acesse: site.abto.org.br