Estudo científico inédito do Centro de Referência de Saúde da Mulher – Hospital Pérola Byington e Grupo Fleury aplicado em 111 mulheres diagnosticadas com câncer de mama recebeu prêmio Jorge Marsillac durante o XXII Congresso Brasileiro de Mastologia realizado entre os dias 10 e 13 de abril, no Rio de Janeiro. Trata-se da primeira parceria do Grupo Fleury com uma instituição da rede pública para fins de pesquisa diagnóstica em câncer e também da primeira pesquisa na América Latina envolvendo o Oncotype DX com dados reais da população brasileira.
Cento e onze pacientes do Hospital Pérola Byington, com câncer de mama em estágio inicial, foram indicadas para a realização do teste genômico Oncotype DX – desenvolvido pela norte-americana Genomic Health e distribuído pelo Grupo Fleury no Brasil. O exame é capaz de detalhar o risco de agressividade do câncer mamário, possibilitando uma previsão sobre a resposta do tumor aos tratamentos disponíveis e, consequentemente, a decisão terapêutica mais adequada para cada caso.
Antes de o teste ser realizado, 109 das 111 pacientes tinham, por critérios clínicos, indicação de quimioterapia. Após a realização do exame, houve redução do número de indicações de quimioterapia em 69,7% das pacientes (76 das 109). Ao invés da quimioterapia, essas mulheres estão sendo tratadas com hormonioterapia e, algumas delas, com radioterapia.
Os resultados do estudo, ao retirar as mulheres do tratamento com quimioterapia, proporcionaram economia equivalente a R$ 420 mil ao Hospital. “Com a amostragem apresentada foi possível comprovar o custo-efetividade de um diagnóstico personalizado em câncer de mama para a cadeia de saúde de modo geral”, afirma o professor Luiz Henrique Gebrim, mastologista e diretor do Hospital Pérola Byington. A economia estimada pela Instituição não leva em consideração custos indiretos decorrentes, por exemplo, de afastamento do mercado de trabalho, efeitos colaterais e possíveis sequelas do tratamento.
O câncer de mama é o tipo de tumor mais frequente entre as mulheres no Brasil e no mundo. No país, a estimativa é de 59,7 mil novos casos de câncer de mama por ano, sendo cerca de 16,3 mil no Estado de São Paulo. “Na grande maioria dos casos, o resultado do teste diagnóstico possibilita mudanças na indicação do tratamento que trazem uma grande melhoria na qualidade de vida das pacientes pela redução dos efeitos colaterais e das toxicidades decorrentes da quimioterapia”, afirma o diretor executivo Médico e Técnico do Grupo Fleury, Edgar Rizzatti.
A parceria do Grupo Fleury com o Hospital Pérola Byington teve início em agosto de 2018 com a identificação das pacientes elegíveis. O Hospital foi responsável pela coleta do material captado dos tumores das pacientes operadas na unidade e o Grupo Fleury conduziu a fase pré-analítica das amostras e o direcionamento à Genomic Health para o processamento do exame nos Estados Unidos. As equipes médicas e científicas das organizações puderam discutir individualmente cada caso diagnóstico.
Depois do reconhecimento da comunicada médica e da condecoração ao estudo pelo prêmio Jorge Masillac, referência na área de mastologia, mais duas instituições públicas também firmaram parceria junto ao Grupo Fleury para a continuidade da pesquisa por meio do exame Oncotype DX em pacientes com câncer de mama: a Santa Casa de São Paulo e o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP).
Teste genético
O teste genético Oncotype DX analisa os cânceres de mama ao avaliar a expressão de um conjunto de genes associados a esses tumores. O exame é feito no tecido tumoral da mama por meio de técnicas de biologia molecular e análises de expressão gênica por meio de algoritmo matemático que revelam as características do tumor. Com isso, há um enorme avanço nos campos de prognóstico, monitoramento e escolha do tratamento. Dentro da tendência de medicina personalizada é gerado um resultado que auxilia a guiar, de forma individual, a decisão terapêutica.
O exame diagnóstico Oncotype DX foi utilizado no estudo internacional TAILORx (Trial Assigning IndividuaLized Options for Treatment, no inglês), conduzido pelo Instituto Nacional do Câncer norte-americano com mais de 10 mil mulheres nos EUA, Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia e Peru. A pesquisa, apresentada em junho de 2018 no Congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), em Chicago (EUA), apontou que ao menos 70% dos casos diagnosticados com câncer de mama em estágio inicial não precisariam de quimioterapia e poderiam ser tratados com hormonioterapia. Os resultados contrapõem a recomendação médica padrão de prescrever quimioterapia para todas as mulheres diagnosticadas com tumores com tamanho igual ou superior a um centímetro – em razão da dificuldade de predizer se os casos de câncer encontrados evoluiriam de forma agressiva ou não.