O cenário positivo é destaque de recente pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para a Saúde (ABIMED) junto às suas associadas, que representam 65% do segmento. O levantamento ganha ainda mais significado porque acontece em meio a uma das maiores crises sanitárias de todos os tempos e quando a economia nacional atravessa um momento complicado. Os motivos para essa situação são a pandemia da Covid-19 e a consequente redução nas cirurgias eletivas, da queda do PIB, da indefinição sobre o rumo das Reformas Estruturais (Tributária e Administrativa), do aumento do ICMS no Estado de São Paulo, da variação cambial entre outros.
A entidade ficou otimista com o resultado que aponta que cerca de 42% das empresas ouvidas pretendem aumentar o investimento após a pandemia e outras 35% apostam na manutenção dos valores, desde que as Reformas Estruturais (Tributária e Administrativa) estejam bem encaminhadas e deem sinais de boas perspectivas.
“É muito importante constatar que algumas das nossas associadas sinalizaram a intenção de continuar investindo mesmo diante de algumas incertezas do cenário atual. Esse resultado, diante de tantos acontecimentos negativos que temos vivenciado, é um grande vislumbre e motiva a todos para continuarmos acreditando na estabilidade do país num futuro próximo”, enfatiza o presidente executivo da ABIMED, Fernando Silveira Filho.
Nunca é demais lembrar que o setor da saúde corresponde a 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, reunindo mais de 13 mil empresas e gerando mais de 140 mil empregos diretos e qualificados. Por isso, a sustentabilidade do segmento é muito importante e tem um peso considerável para a manutenção da saúde econômica do país.
Análises do Cenário de Negócios:
Investimentos durante e no pós-pandemia – os números surpreenderam positivamente. Afinal, quando neste momento tão complicado 42% das associadas aumentam investimentos e outro grande número pretende seguir com a mesmo intensão, sobra motivos para comemorar. Das que não mencionaram intenção em investir, iniciativas como diversificar os produtos são ações criativas para driblar o momento. Também é mencionada a influência da conjuntura para manter ou aumentar investimentos, como cenário econômico, variação cambial e taxa de desemprego – além de, claro, as Reformas Estruturais.
Impactos da pandemia e da redução de cirurgias eletivas – Das associadas respondentes, 89,66% reportaram queda na receita, 10,34% aumento do endividamento, 13,79% viram reduzir o número de clientes e 79,31% observaram aumento no valor da aquisição de produtos e insumos. Com tudo isso, 20,69% tiveram que recorrer a demissões. Houve ainda menções a outros impactos, como aumento de despesas administrativas, redução de volume, postergação de projetos e de grandes negócios, além de perda ou redução de integração entre as equipes devido à adoção da modalidade de trabalho home office.
Impactos do ICMS em São Paulo – segundo o levantamento, o primeiro impacto foi a necessidade de renegociação de contratos, que atingiu 55% das empresas, seguido de 48,28% associadas que observaram queda na receita. Ainda chama a atenção que 51,72% das empresas participantes confirmam o aumento no valor de aquisição de produtos e insumos. A alteração da alíquota do ICMS também refletiu na contratação de mão de obra. Das pesquisadas, 65,52% afirmaram que não contrataram durante a pandemia e apenas 17,24% contrataram até 5% da base de efetivos. Sobre o impacto das alíquotas em produtos, que passou de 0% a 18%, um total de 64,29% das associadas sentiram os 18%, 10,71% sentiram entre 18% e 21%, e 14,29% das empresas sentiram acima de 21%, o que pode encarecer procedimentos, cirurgias e planos de saúde em médio prazo.
Home office – a pandemia provocou uma grande revolução no comportamento das empresas. Segundo a Fundação Instituto de Atividade (FIA), 46% das empresas brasileiras optaram pelo home office como alternativa para o distanciamento social recomendado durante a pandemia a partir do ano passado. Com as associadas da ABIMED não foi diferente: as empresas tiveram de se adaptar e, atualmente, 62,07% têm mais de 20% de seu efetivo nesta modalidade de trabalho.