Pós-Covid: as limitações que persistem meses após a doença

Cientistas e pesquisadores já começaram a identificar as sequelas mais comuns da Covid-19, que atinge principalmente os pulmões. Foto: Ingrid Anne/Semsa-Prefeitura de Manaus

O Coronavírus atinge o corpo humano de forma sistêmica, ou seja, afeta, em algum nível, todos os órgãos. A síndrome pós-Covid-19, também chamada de sequelas agudas do pós-Covid são, em sua maioria, vindas do que os médicos chamam de Covid longa, justamente por categorizar alterações que persistem mesmo após 60 ou 90 dias que a pessoa teve a doença. Segundo um estudo realizado pela Academia Nacional de Medicina (ANM), 20% dos pacientes com Covid-19 que passaram semanas internados desenvolvem algum tipo de problema.

“As alterações mais comuns são no olfato e paladar, irritação da garganta com pigarro e  tosse seca, mas o sintoma mais prevalentes e que mais incomoda o doente é a fadiga, ou seja, a astenia, doença que acomete os músculos e dá  fraqueza no corpo e indisposição. É comum o paciente não ter coragem para fazer suas atividades do dia a dia, sua atividade física e isso é o que chamamos fadiga crônica”, explica o médico pneumologista Saulo Maia d’Avila Melo, doutor e professor titular do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe).

O pulmão, por ser um dos órgãos mais atingidos pelo vírus, acaba concentrando a maior parte das sequelas sofridas pelos pacientes, e que muitas vezes podem surgir após a fase de internamento. Entre elas, destacam-se as cicatrizes com fibrose (endurecimento do pulmão) e as doenças correlatas da embolia pulmonar, com a formação de coágulos no sangue que vão para o pulmão e obstruem os vasos. “Da sintomatologia, a principal sequela é a falta de ar aos pequenos e médios esforços e até, muitos deles, com falta de ar em repouso. A ventilação mecânica também é outro fator que pode agravar a esses pacientes”, informa o professor.

Saulo ainda conta que, além de lidar com os sintomas físicos, diversos pacientes precisam, também, lidar com o agravamento de transtornos mentais, como ansiedade e depressão, uma vez que a Covid-19 pode afetar o sistema nervoso e psíquico do paciente. “Isso acontece principalmente pós-Covid-19. Se esses pacientes  têm uma doença pulmonar prévia, esses sintomas e doenças podem se agravar ainda mais”, frisa.

O médico e professor conclui destacando que a recuperação completa do paciente faz parte da maioria dos casos. “Menos de 5% ficam com sequelas importantes, mas o tratamento é multidisciplinar e envolve a participação importante de fisioterapeutas, nutricionistas, profissionais de educação física, uma vez que as atividades físicas auxiliarão os pacientes a se recuperarem, do ponto de vista pulmonar. Além dos psicólogos, psiquiatras, cardiologistas, pois os pacientes também podem ter sequelas cardiológicas, como miocardite, e até otorrinos podem participar dessa equipe multitarefa”, destaca ele.

Redação

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