O levantamento “Macrotendências até 2040”, preparado pela FIESP e pelo CIESP, indica quais fatores transformarão a maneira como viveremos nas próximas décadas. O setor da saúde, especialmente abalado nos últimos dois anos em virtude da pandemia de Covid-19, deverá sofrer grandes mudanças, causadas pelo crescimento e envelhecimento da população mundial, pelo aumento do PIB e da renda per capita, e pela evolução tecnológica. Todos esses fatores terão efeitos diretos no consumo e na demanda por serviços prestados na área da saúde e abrirão oportunidades para a evolução desse campo no Brasil.
Demanda
O aumento de doenças relacionadas ao envelhecimento causará um aumento da demanda por cuidados médicos diários, como home care, e serviços diagnósticos. Estima-se que o mercado global de assistência domiciliar crescerá à média anual de 7,9% de 2020 a 2027, chegando a US$ 515,6 bilhões. O mercado para diagnósticos em terceira dimensão (3D) poderá alcançar US$ 16,6 bilhões no mundo.
Novas preferências
Sondagens feitas pela Kearney e pela PCW em 2020 mostraram que 69% dos entrevistados estão dando maior atenção à saúde mental e ao bem-estar, 69% à saúde física, 64% às necessidades médicas e 63% à alimentação. Pesquisa da Deloitte no mesmo ano apontou que 42% dos norte-americanos usaram tecnologia para medir sua saúde e atividade física em 2020, versus 17% em 2013. Testes domésticos para monitoramento da saúde também têm sido amplamente utilizados.
Outra tendência que deve ser mantida é o aumento da procura por e-farmácia, saúde personalizada e telemedicina. Estima-se que em 2020, o Brasil tenha ultrapassado a marca de dois milhões de consultas e atendimentos online.
Prevenção de pandemias
A pandemia de Covid-19 custou mais de US$ 16 trilhões à economia global. Pesquisas mostram que o custo para prevenir uma nova pandemia nos próximos dez anos seria muito mais baixo: de US$ 285 bilhões a US$ 430 bilhões.
Preparar os sistemas de saúde para futuras crises sanitárias é fundamental. Inovação e produção na cadeia de medicamentos e produtos médico-hospitalares devem ganhar maior protagonismo
Evolução tecnológica
A aplicação da Inteligência Artificial (IA) e da nano e biotecnologia nas áreas médicas também é tendência. Mais de 60% das organizações de saúde no mundo já estão desenvolvendo ou adotando alguma inteligência artificial em seus processos e serviços.
O aumento de produtividade proporcionado pela implantação da IA no sistema operacional de clínicas, na precisão de diagnósticos e nos procedimentos cirúrgicos pode gerar de US$ 137 bilhões a US$ 159 bilhões de crescimento no mercado de saúde até 2025. O impacto econômico para as aplicações de biotecnologia em saúde e performance humanas será de US$ 0,5 trilhão a US$ 1,3 trilhão ao ano, pelos próximos 10 ou 20 anos.
Oportunidades para o Brasil
Há potencial para o crescimento do home care, a expansão dos hospitais de cuidados paliativos para idosos e a ampliação de aplicativos e projetos de inteligência artificial que combinem a capacidade de empresas e startups. O Brasil pode aumentar o fornecimento de medicamentos, produtos e equipamentos médico-hospitalares de baixa e média tecnologia.
A competência do Brasil em alguns segmentos da biotecnologia também pode facilitar o desenvolvimento interno e a produção de vacinas, tecnologias relacionadas à prevenção de pandemias e serviços médicos especializados.
Metodologia
O relatório é uma atualização e um aprofundamento do “Macrotendências” produzido pela FIESP em 2018. Para sua elaboração foram consultadas mais de 300 fontes, incluindo estudos, projetos e pesquisas de consultorias especializadas, empresas, entidades setoriais, órgãos de governo e organismos multilaterais internacionais.
O mapeamento e a análise das macrotendências ajudam empresas e setor público a avaliarem futuras oportunidades de negócios, orientarem suas ações e investimentos, e anteciparem as necessidades dos consumidores.