O ginecologista e obstetra Dr. Alberto Guimarães, referência em saúde da mulher e parto humanizado, alertou que o Brasil precisa mudar o hábito de realizar cesarianas desnecessárias. “Muitas mulheres preferem se submeter à cesariana por presumirem que o procedimento é mais indolor e menos sofrível. Sim, no parto cesárea, a paciente não sente qualquer tipo de dor devido à anestesia geral. Porém, pode sofrer muitas dores no pós-operatório e por conta das cicatrizes. No parto humanizado há dores naturais e intensas, mas as pacientes são influenciadas e encorajadas pelo médico e pela equipe multidisciplinar a participarem de um momento único e marcante. Passado o procedimento, quase não há dor e a mamãe estará pronta para cuidar de seu filho”, defende o médico.
De acordo com dados publicados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), dos partos realizados na rede pública de saúde, 40% ocorrem por meio de cesarianas. Já na rede particular esse índice chega a 84%, variando de acordo com a região do país.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece em até 15% a proporção recomendada. No Brasil esse percentual chega a 57% e ocupa o segundo lugar no mundo em número de cesarianas. Dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) referentes aos nascimentos em 2016 apontam que 55,4% do total de nascidos vivos no Brasil vieram ao mundo por intermédio das cesarianas. Entre os estados com maiores índices estão Goiás (67%), Espírito Santo (67%), Rondônia (66%), Paraná (63%) e Rio Grande do Sul (63%).