Sírio-Libanês publica estudo sobre eficiência dos cuidados intensivos em pacientes com Covid-19

O combate ao SARS-COV2 passa pelo distanciamento social, utilização de máscaras e higienização das mãos, mas quando as pessoas são acometidas pela forma mais grave da doença, uma UTI equipada e corpo clínico capacitado fazem toda a diferença para os índices de sucesso no tratamento da Covid-19. Um estudo publicado na revista científica Plos One com 212 pacientes internados de março a junho comprovou a eficácia do trabalho realizado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP), em comparação a pacientes que passaram pelo mesmo setor em 2019 com quadro de doenças respiratórias e infecciosas.

Os pacientes com Covid-19 do estudo apresentavam as seguintes características em relação aos pacientes do período anterior: idade menor (média de cerca de 60 anos), predominância do sexo masculino, menor incidência de comorbidades graves e maior incidência de obesidade. Apresentaram tempos de internação mais longos e maior consumo de recursos, tais como suporte ventilatório invasivo e não invasivo, diálise e circulação extra-corpórea (ECMO).

Um dos índices que chama a atenção no estudo é o de mortalidade por faixa etária quando comparados a outros estudos publicados na literatura médica. Entre os pacientes até 59 anos, os números foram próximos a zero. Já no grupo de 70 a 79 anos, foi de 4,2%, e nos acima de 80 anos, de 14,3%. “Esses números comprovam a eficiência do nosso protocolo de tratamento e a adequação do sistema”, explica Dr. Laerte Pastore, gerente médico de Unidades Críticas do Sírio-Libanês. Dados da Associação de Medicina Intensiva Brasileira mostram que, mesmo com a redução das internações, mortalidade da covid-19 nas UTI chega a 65%.

Já em pacientes em ventilação mecânica, os índices de mortalidade sobem, mas ainda são bem-sucedidos quando comparados aos de outros estudos. Na faixa etária de 18 a 59 anos, os índices permanecem próximos a zero, mas em dois grupos foram apresentadas elevações: em pessoas de 60 a 69 anos (13,3%); de 70 a 79 anos (15,4%); nos pacientes acima de 80 anos, os números sobem para 48%, porque geralmente são aqueles que apresentam mais comorbidades e fragilidade. “É uma doença que consome muito recurso humano, materiais, insumos, medicamentos e o próprio leito, que permanece ocupado por muito tempo, além de cobrar um preço muito alto do organismo do paciente e do sistema de saúde”, explica Dr. Pastore. No Brasil, a taxa de mortalidade de pessoas com Covid-19 intubadas em UTI chega a 65%. Isso significa que a cada 10 pessoas que necessitam de ventilação mecânica por complicações da infecção pelo novo Coronavírus, seis acabam morrendo. Os dados são do projeto UTIs Brasileiras, da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), que reuniu informações sobre 1.289 Unidades de Terapia Intensiva de 617 hospitais públicos e privados do Brasil, entre 1º de março e 12 de agosto.

Outro dado importante é que a mortalidade foi semelhante em 28 ou 60 dias de UTI, e a probabilidade de sobrevida foi maior, no mesmo intervalo de tempo, em pacientes em ventilação mecânica, quando comparados aos pacientes do período anterior à Covid-19. “Chegamos a esses resultados graças ao preparo pré-pandemia feito pelo hospital, com aumento de leitos e equipamentos, equipes bem dimensionadas e treinadas, processos bem estabelecidos e pacientes levados no momento mais adequado para as unidades de cuidados intensivos”.

Redação

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