Sociedades médicas apontam redução de 70% das cirurgias e que 50 mil brasileiros não receberam diagnóstico de câncer

Como reflexo do impacto da pandemia do novo Coronavírus, desde o anúncio da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 11 de março, houve redução de 70% no número de cirurgias de câncer e queda de 50% a 90%, dependendo do serviço, das biópsias enviadas para análise de um médico patologista. Estima-se que ao menos 50 mil e até 90 mil brasileiros deixaram de receber o diagnóstico de câncer nos dois primeiros meses de pandemia.

Os dados foram levantados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) junto aos principais serviços de referência do país, nas redes pública e privada. Entre 11 de março e 11 de maio, comparado com o mesmo período do ano passado, foram 5.940 exames realizados na rede pública de São Paulo, ante 22.680 biópsia realizados em 2019.

Nesse mesmo intervalo de tempo,  um centro de referência que atende o Ceará viu o número cair de 18.419 para 4.993 biópsias. A queda acentuada também foi registrada em um serviço que atende os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul: 9497 em 2020 para 5962 em 2019 e em um que atende Minas Gerais, que caiu de 8.402 para 1.676 biópsias.

“O principal temor é que haja uma epidemia de casos avançados de câncer. Vimos serviços que ficaram uma semana inteira sem receber um único material para análise. Quanto mais agressiva for a doença no momento do diagnóstico, mais os casos são inoperáveis, dependem de abordagens mais agressivas e tóxicas e com menor chance de cura”, alerta o médico patologista Clóvis Klock, presidente do Conselho Consultivo da Sociedade Brasileira de Patologia.

De acordo com o cirurgião oncológico e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), Alexandre Ferreira Oliveira, desde o início da pandemia foram suspensas 7 entre 10 cirurgias, sendo mantidas só as dos tumores mais agressivos. “Inicialmente, não sabíamos quanto tempo a fase mais crítica da pandemia iria durar. Como agora a expectativa é de que teremos de três a quatro meses até passar o pico e começar um declínio de casos, teremos de adaptar os serviços de saúde para retomar esses atendimentos suspensos”, destaca.

Neste sentido, a SBCO enviou ao ministro da saúde, Nelson Teich, um documento que propõe a criação de vias livre de Covid-19 (Covid-free), com sugestões de como esse modelo pode ser implantado na rede privada e também no SUS, tanto em Cancer Centers como também em hospitais gerais.

Redação

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