Os índices de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) foram reduzidos em 116 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais públicos e filantrópicos em todo o Brasil entre os meses de janeiro de 2018 e julho de 2020, gerando uma economia de cerca de R$ 290 milhões ao SUS e salvando 2.200 vidas.
Esses são os resultados atualizados do projeto Saúde em Nossas Mãos – Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil, um projeto do Ministério da Saúde executado de forma colaborativa entre os hospitais participantes do PROADI-SUS – Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde – Hospital Alemão Oswaldo Cruz, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês – com apoio do Institute for Healthcare Improvement (IHI).
Entre janeiro de 2018 e julho de 2020, a iniciativa alcançou resultados expressivos na redução dos três principais tipos dessas infecções: Infecção Primária da Corrente Sanguínea Associada a Cateter Venoso Central (IPCSL), com diminuição de 46%; Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV), com queda de 51%, e Infecção do Trato Urinário Associada a Cateter Vesical (ITU-AC), com redução de 68%.
O projeto orienta os profissionais das UTIs participantes para usar metodologias e ferramentas da qualidade que auxiliam na implementação de novos processos, de forma colaborativa e sustentável, diminuindo dessa forma os índices de infecções hospitalares e melhorando a segurança do paciente durante a sua permanência na UTI.
“Sabemos que dispositivos invasivos, como cateteres e aparelhos de ventilação mecânica, aumentam os riscos de infecções hospitalares dentro das UTIS. Com esse projeto estamos trazendo novas formas de atuação, por parte dos profissionais de saúde, para garantir a segurança dos pacientes e evitar possíveis complicações durante a internação, com mudanças diárias de rotina”, explicou Luiz Otavio Franco Duarte, Secretário de Atenção Especializada em Saúde do Ministério da Saúde.
Como funciona o projeto?
As equipes implementam, junto aos hospitais beneficiados, melhorias de processos de acordo com planos pré-estabelecidos e adaptados à realidade e aos recursos de cada UTI. O acompanhamento dessas instituições, que antes da Covid-19 ocorria periodicamente em Sessões de Aprendizagem Presenciais (SAP), está ocorrendo à distância, dando continuidade ao monitoramento dos indicadores que avaliam o progresso das ações.
“Um dos principais desafios enfrentados é engajar os profissionais locais na mudança de ações simples e rotineiras e na integração das equipes, para que haja um fluxo mais harmonioso, onde todos dão sugestões e criam soluções para garantir ainda mais a segurança de todos”, diz a coordenadora do projeto, Claudia Garcia de Barros.
Gerando uma mudança de modelo mental nos profissionais de saúde
Mais do que implementar novos processos e metodologias, o projeto promove mudanças profundas no dia a dia dos profissionais de saúde que fazem parte da iniciativa. É o que explica a enfermeira do Hospital Geral de Cuiabá (MT), Alessandra Aparecida Sia. “Esse projeto mudou totalmente a minha visão de assistência ao paciente. Por meio das metodologias do projeto, percebi que é possível fazer muito pelo paciente mesmo com poucos recursos. Por meio de uma simples lavagem de mãos, o cuidado com a bolsa coletora, um curativo de acesso central feito adequadamente, é possível salvar vidas e garantir um atendimento muito mais rápido e seguro”.
A Dra. Eliane Pereira, chefe da UTI do Hospital Universitário Onofre Lopes, de Natal (RN), também conta um pouco mais sobre sua experiência. “O nosso dia a dia não é mais o mesmo. Nós estamos, constantemente, pensando em como podemos melhorar, testando pequenas mudanças na rotina. Mesmo com os desafios da pandemia, conseguimos perceber que isso ficou no coração e na mente da nossa equipe”.
Apoio na pandemia da Covid-19
Com a pandemia da Covid-19, o projeto voltou esforços para educar profissionais de saúde e prepará-los para enfrentar uma rotina ainda mais intensa nas UTIs. “A Covid-19 é uma doença que demanda cuidados adicionais nas UTIs, com frequente uso de dispositivos invasivos, em situações de emergência, o que causa um maior risco de infecções. A distribuição de materiais informativos, como protocolos de atendimento, uso seguro dos EPIs, higiene das mãos e planos de contingência já eram práticas muito utilizadas no projeto, e foram reforçadas nesse período”, finaliza Claudia Garcia.