O Hospital São Lucas disponibiliza desde o primeiro semestre de 2020 o mais moderno software de inteligência artificial que, junto à experiência médica, permite uma avaliação rápida, segura e precisa da área que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico. Por meio desse software, denominado RAPID, a equipe médica consegue avaliar com maior rapidez e precisão qual a conduta mais adequada para o paciente de forma individualizada, baseado no padrão do fluxo sanguíneo específico de cada um. Ao oferecer essa tecnologia aos pacientes, o São Lucas reduz o tempo de diagnóstico e de tratamento dessa doença, eliminando ou reduzindo ao máximo as possíveis sequelas, ressalta o Dr. Guilherme Nakiri, médico especialista em Radiologia Intervencionista do São Lucas.
O RAPID é um software que interpreta as imagens do Tomógrafo ou da Ressonância Magnética do Hospital para que, no momento da realização do exame as imagens (essencial em suspeitas de AVC) sejam enviadas, via celular, para a equipe médica estudar o caso e definir o tratamento no menor tempo possível. Isso significa que as equipes de Radiologia, Neurologia e Neurorradiologia Intervencionista (neurointervenção) do São Lucas receberão, em tempo real, nos seus aparelhos celulares, o resultado do exame indicando as alterações isquêmicas ou hemorrágicas, e também se há ou não a existência de oclusão de uma grande artéria. O software facilita a quantificação das lesões isquêmicas e a identificação da artéria obstruída, fornecendo prontamente as informações necessárias para se indicar o tratamento mais adequado ao paciente.
Mais segurança e menor tempo de tratamento
Por meio desse software a equipe pode tomar decisões mais objetivas e de maneira segura na assistência ao paciente com AVC. O software ajuda a selecionar os pacientes que se beneficiarão de um procedimento percutâneo para a remoção do trombo que está obstruindo a artéria, pois em muitos casos, o cérebro, apesar de “isquemiado”, ainda tem condições de ter as funções neurológicas retomadas caso a artéria obstruída seja desobstruída. Essa desobstrução é feita por meio de um procedimento denominado Trombectomia Mecânica, realizado em sala de Hemodinâmica.
Estudos recentemente publicados e com nível de evidência muito alto demonstraram que alguns pacientes podem manter a viabilidade do cérebro isquemiado por até 24horas. Nesses pacientes, a remoção do trombo, ainda que de forma tardia, minimizou de forma significativa ou mesmo reverteu de forma completa as sequelas neurológicas. Atualmente, o software RAPID é o único recurso tecnológico validado em estudos clínicos, capaz de detectar quais são esses pacientes que se beneficiarão de um tratamento em fase mais tardia (até 24horas do início dos sintomas).
Para os pacientes que apresentam oclusão de uma grande artéria cerebral, admitidos no hospital com mais de 6 horas do início dos sintomas, o estudo de Tomografia Computadorizada ou Ressonância Magnética com perfusão cerebral é fundamental para indicação dos casos elegíveis para trombectomia mecânica. O software processa esses dados, fornecendo imagens cerebrais em mapas de cores que indicam as áreas atingidas de forma definitiva e também as áreas do cérebro que, apesar de atingidas, ainda possuem viabilidade de tratamento desde que seja feita a desobstrução do local – o que os médicos chamam de “zona de penumbra” ou “área cerebral ainda viável”.
O RAPID é uma inteligência artificial que está sendo utilizada em grandes hospitais do Brasil, como Sírio Libanês (São Paulo e Brasília), e já está fazendo grande diferença no tratamento do AVC. Seu uso é relativamente novo. A partir de janeiro de 2018, estudos revolucionaram o tratamento quando comprovaram a viabilidade de tratar pacientes além das seis primeiras horas do AVC para até 24 horas desde o início dos sintomas, com o uso do RAPID.
O software demonstra os enormes saltos que a tecnologia médica fez nos últimos dois anos para melhorar o diagnóstico e o tratamento dos pacientes. A agilidade e eficiência do RAPID, somada à experiência médica, fizeram com que a quantidade de pacientes elegíveis para tratamento pós AVC isquêmico saltasse de 12.285, em 2017, para 25.269 em 2018 – considerando apenas os hospitais que utilizam o software RAPID, em mais de 40 países da América do Norte, América do Sul, Europa, Ásia e Austrália.
Como funciona o Rapid
Paciente chega do Pronto-Socorro e, no atendimento inicial pelo neurologista, há a suspeita de AVC. A equipe de neurointervenção é notificada sobre a situação do paciente. Rapidamente uma tomografia computadorizada é realizada. O diagnóstico é enviado à equipe médica para análise e definição do tratamento enquanto o paciente finaliza os procedimentos na sala de exames. A equipe médica, que já recebeu em seus dispositivos móveis o resultado do exame com a análise feita pelo software RAPID dividida por cores, avalia o tratamento a ser realizado imediatamente.
O grande desafio agora, é educar a população para os principais sinais e sintomas do AVC. Conscientes desses sinais, os pacientes deverão chegar o mais rapidamente possível à nossa Emergência – onde a equipe já estará pronta com o que há de mais moderno para atendê-lo.
Principais sintomas de AVC
Nos músculos: dificuldade para caminhar, fraqueza em um dos lados do corpo, fraqueza muscular, incapacidade de coordenar movimentos musculares, instabilidade, músculos rígidos, paralisia com músculos fracos, problemas de coordenação, paralisia de um lado do corpo.
Na visão: perda temporária da visão em um olho, súbita perda da visão, visão dupla ou visão embaçada.
Na fala: dificuldade de fala, fala arrastada ou perda da fala.
Sensorial: formigamento ou redução na sensação de tato.
No rosto: dormência ou fraqueza muscular.
No corpo: tontura ou vertigem.
Na cognição: confusão mental ou incapacidade de falar ou de entender o próprio idioma.
Também é comum: dificuldade em engolir, dor de cabeça, fraqueza de um membro ou movimento rápido involuntário dos olhos.