“Tecnologia e humanidade coexistem na Medicina”, diz o Dr. J. J. Camargo

A psicóloga Nazareth Ribeiro falou sobre a NR1, norma pela qual as empresas são obrigadas a assegurar a saúde mental dos trabalhadores nas empresas. Crédito: Eco Medical Cente)

Tecnologia e humanidade precisam co-existir na Medicina. A afirmação é do médico J. J. Camargo, que conduziu a palestra magna do Fórum Saúde & Bem-Estar, promovido pelo Eco Medical Center e o Lide Paraná na última terça-feira (27).

“Os avanços da tecnologia na área da inteligência artificial são irrefreáveis, ninguém pode remar contra essa correnteza, porque vai perder sempre. Mas o que nós não podemos ignorar é que esses avanços tecnológicos nunca vão mudar os sentimentos do paciente. Quando nós adoecemos ficamos carentes, precisamos de afeto e valorizamos coisas que na vida normal, cotidiana e feliz, provavelmente deixaríamos passar sem perceber”, disse o médico, que é diretor de transplantes da Santa Casa de Porto Alegre (RS) e que fez o primeiro transplante de pulmão do Brasil e da América-Latina.

Ao longo de sua palestra no Fórum, J.J. falou que humanidade deve ser entendida como uma qualificação para atuar como médico. E que gostar de gente é pré-requisito indispensável. “Quando um médico chega no quarto e diz: ‘E aí vôzinho?’, ‘Como está vózinha?’, mostra a insignificância que ele dá ao paciente. Isso é humilhante. Médico tem que chamar pelo nome, ouvir a história, entender o que é importante para aquele paciente”, afirma J.J.

E para exemplificar o quanto pequenos gestos de atenção fazem a diferença, J.J. contou a história de uma menina de 9 anos, internada no setor de oncologia pediátrica da Santa Casa. A menina chorava triste porque a Daniela era a única médica pediatra que esquentava o estetoscópio antes de encostar o aparelho no corpinho da criança. E a Daniela iria sair de férias. “Pense em Porto Alegre, em pleno mês de agosto, inverno. Encostar um estetoscópio gelado na pele delicada de uma criança é um crime inadmissível”, exclamou.

“Um detalhe muito pequeno separou aquela médica, a Daniela, das outras 31 pediatras que trabalhavam naquela unidade. Porque são as pequenas coisas que fazem a diferença aos olhos de quem está sofrendo”, contou o médico, mostrando ainda que, no momento em que está sofrendo, o paciente não está “nem aí” se o hospital tem os equipamentos mais modernos do mundo. Na hora da dor, ele quer afeto e atenção.

Respeitar é preservar o tempo das pessoas

O Fórum Saúde & Bem-Estar reuniu líderes da saúde, executivos e especialistas em inovação para discutir o futuro da medicina e o impacto da tecnologia na qualidade de vida e no bem-estar dos brasileiros. Além de J.J., quem também palestrou foi Cássio Zandoná, CEO do Eco Medical Center, e que mostrou que o futuro da Medicina vai além do uso da tecnologia. Ela deve ser apenas um elo de integração médica, que traz ao paciente aquilo que é tão precioso a todos: a assertividade e o tempo.

Cassio destacou os pilares de conveniência, qualidade e inovação do Eco Medical Center, que reúne mais de 45 especialidades em um único espaço. “Nosso objetivo é tornar a jornada do paciente fluida, evitando a fragmentação dos cuidados. Usamos tecnologia para integrar informações e equipes, garantindo atendimento contínuo e eficaz”, afirmou.

Zandoná ainda apresentou iniciativas como o concierge médico, o uso de inteligência artificial para registro automatizado em prontuários e a criação de uma rede de “embaixadores médicos”, para promover uma comunicação mais próxima e eficaz com os mais de 400 especialistas do centro médico e a discussão de casos para levar o melhor tratamento ao paciente.

A integração do prontuário médico também evita a repetição de exames e que o paciente precise ir a diversas instituições diferentes para realizar consultas e exames. No Eco, ele resolve toda a sua jornada médica num só lugar, tornando o sistema mais sustentável e promovendo ao paciente algo raro nos dias de hoje: economia de tempo.

Saúde mental no ambiente corporativo

A psicóloga e especialista em liderança, Nazareth Ribeiro, abordou a NR1, nova norma que obriga empresas a cuidarem da saúde mental dos colaboradores. “Estamos entre os países com mais casos de burnout no mundo. É preciso metrificar a saúde mental antes, durante e depois da implantação da norma. Lideranças devem olhar para o capital humano com prioridade”, defendeu.

Ela ressaltou a importância da comunicação não violenta e a conexão da NR1 com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como o direito à saúde, educação de qualidade e trabalho decente. Reforçou ainda que, embora esse não seja o objetivo da NR1, funcionários saudáveis e presentes trazem mais lucratividade à empresa.

A síntese da transformação

Para Heloísa Garret, presidente do LIDE Paraná, o evento foi marcante por unir ciência, tecnologia e sensibilidade. “Saímos com a certeza de que tecnologia e humanização não são opostos. Empresas saudáveis são sustentáveis quando colocam o colaborador no centro. Isso é essencial também para atrair e reter talentos num cenário de pleno emprego, como o que o Paraná está passando no momento”, avaliou.

O Fórum ainda contou com a participação de Heitor Augusto, diretor executivo comercial Saúde & Odonto da SulAmérica; Patrick Gil, COO do Eco Medical Center; Dr. José Fernando Macedo, presidente da Associação Médica do Paraná; Marcos Scaldelai, diretor executivo Safe Care; Ricardo Gullit, instrutor do Centro de Simulação Clínica da PUCPR; Marcus Yabe, diretor executivo do LIDE Paraná; Dr. Eduardo Jorge, diretor executivo da Paraná Clínicas; e Viviane de Jesus Forte, auditora-chefe do Ministério do Trabalho.

Redação

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