Compartilhar informações seguras e de qualidade para utilização criteriosa dos testes laboratoriais é trabalho constante da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML). Assim, a entidade vem a público defender a importância da testagem pós-vacinal. Trata-se de procedimento essencial para que seja possível entender a resposta imune que se segue à vacina, e, consequentemente, acompanhar a relação dela com o impedimento da proliferação do vírus e a diminuição de internações e óbitos.
Em uma divulgação recente, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) evidenciaram que aproximadamente 85% dos pacientes que receberam a vacina Coronavac, produziram anticorpos neutralizantes, ou seja, 15% não produziram anticorpos e, em tese, poderiam estar mais expostos por não terem resposta humoral. Já existem casos documentados de doença grave 20 dias após a segunda dose de Coronavac – esses pacientes não apresentavam anticorpos neutralizantes no início da infecção. Ainda não está bem demonstrado o correlato entre níveis de anticorpos e susceptibilidade à doença, mas essas informações demonstram que cada organismo responde de maneira diferente à vacina e que provavelmente nem todas as pessoas desenvolverão os anticorpos necessários para bloquear a doença, o que só poderá ser identificado mediante a testagem.
É importante ressaltar que o mundo começou a vacinar no início deste ano e, alguns meses depois, já dispomos nos laboratórios brasileiros diferentes ensaios que avaliam a resposta pós-vacinal com a pesquisa de anticorpos: a pesquisa dos anticorpos neutralizantes, IgG-anti S (proteína da espícula viral) e IgG-anti RBD (porção mais externa da proteína S). Esses ensaios são diferentes entre si, mas buscam a mesma informação – resposta imune humoral (produção de anticorpos que tem a capacidade de impedir a entrada do vírus nas células).
Ainda estamos aprendendo sobre o comportamento o do vírus Covid-19 e ainda há um caminho longo a ser percorrido para o entendimento da doença e suas mutações. Quanto mais informações e testagens tivermos, antes e depois da infecção, mais rapidamente poderemos debelar a pandemia. Os testes, bem realizados, são sem dúvida, uma das armas mais poderosas no enfrentamento dessa batalha. Não esquecendo que os esforços neste momento devem ser direcionados a ampliação da vacinação em âmbito nacional e que todas as medidas protetivas devem continuar para que possamos controlar a circulação do vírus.