Trabalho de enfrentamento à pandemia rende à médica o Prêmio Hospitalar 2022 – Personalidade do Ano

O Governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, irá presidir a cerimônia de abertura da 27ª edição da Hospitalar Feira e Fórum, na qual a médica reumatologista Eloisa Silva Dutra de Oliveira Bonfá, diretora clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP), será homenageada com o Prêmio Hospitalar 2022 – Personalidade do Ano. A premiação será concedida no dia 17 de maio como um reconhecimento da comunidade médico-hospitalar ao importante trabalho que ela e sua equipe vêm desenvolvendo ao longo dos anos no Hospital das Clínicas, principalmente no enfrentamento à pandemia da Covid-19.

Desde 2020, a médica Eloisa Bonfá, como é conhecida, passou a liderar o combate à crise sanitária no Hospital das Clínicas, tendo integrado o comitê de crise do hospital que, no início da pandemia, transformou o Instituto Central num espaço exclusivo para pacientes com Covid-19, transferiu o pronto-socorro e 35 clínicas especializadas para outras unidades, ampliou de 85 para 300 os leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e aumentou de 4 mil para 6 mil os profissionais de saúde do hospital. Durante as fases mais críticas da crise, a médica motivou os colaboradores a superar o medo de infecção pela Covid-19, enfrentou protestos de médicos residentes e pediu doações para reforçar sua equipe.

“O Prêmio Hospitalar 2022 – Personalidade do Ano foi instituído em 2005 para destacar  um único  profissional que tenha prestado significativa contribuição ao avanço da medicina, do atendimento médico-hospitalar e da qualidade de vida da população, por meio de suas ações, serviços ou pesquisa científica. Conceder a premiação para a doutora Eloísa Bonfá é uma maneira de homenagear todos os profissionais que atuaram na linha de frente no combate à pandemia de Covid-19”, afirma a médica Waleska Santos,  presidente da Hospitalar.

Enfrentando a pandemia

Antes mesmo do primeiro diagnóstico da Covid-19 no Brasil, o HC criou um comitê de crise para enfrentar a doença. Era janeiro de 2020.  Por orientação desta liderança, foram adquiridos gorros, luvas e outros equipamentos de proteção individual (EPIs) para os funcionários. Inspirada em hospitais de Israel, a médica sugeriu em março isolar o Instituto Central para receber os pacientes com Covid-19. A sugestão foi acatada pelo diretor da faculdade e anunciada pelo governador João Doria.

Para viabilizar a medida, os pacientes sem Covid-19 começaram a ser atendidos por outros setores do HC. O Instituto do Coração passou a operar como pronto-socorro geral. O Instituto de Ortopedia recebeu as clínicas médicas. O Instituto do Câncer começou a realizar cirurgias. E o Hospital Universitário foi reestruturado para ter um berçário de alto risco.

“Chegamos a ter em torno de 6 mil funcionários no Instituto Central. Antes trabalhávamos com 3,5 mil, 4 mil. Precisamos de mais gente porque aumentamos muito os leitos de UTI. Tínhamos 84 no Instituto Central e entre abril e maio esse número cresceu para 300. Como não havia cirurgia eletiva durante a pandemia, transformamos 35 salas cirúrgicas em leitos de UTI”, disse a médica Eloísa Bonfá do portal Fapesp.

Para contratar profissionais especializados para essas UTIs, ela se juntou ao superintendente Antônio José Rodrigues para conseguir uma doação do Banco BTG Pactual. Também solicitou que hospitais parceiros como o Sírio-Libanês, o Hospital Israelita Albert Einstein, Rede D’Or e HCor fornecessem outros recursos como montagem de UTIs, fornecimento de pessoal especializado e treinamento de mão-de-obra. Até o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) montou uma UTI. Com o objetivo de atender à demanda dessas unidades, o HC montou uma estação para aumentar a oferta de oxigênio.

Duas vezes por dia, o comitê se reunia com os líderes de vários departamentos para discutir os procedimentos realizados e planejar ações futuras. A médica Eloísa Bonfá afirma que toda equipe se desdobrou para atender a população. Porém, ela e outras lideranças tiveram de enfrentar a resistência de funcionários que não queriam trabalhar com medo de contaminação e até entraram com ações judiciais. No cômputo geral, o HC registrou 117 internações de oito mortes por Covid-19 entre seus 22 mil colaboradores.

A médica destacou o trabalho das gestoras clínicas Maria Beatriz de Moliterno Perondi, Leila Suemi Harima Letaif, Anna Miethke Morais e Amanda Cardoso Montal. ”Elas foram as grandes orquestradoras de todo o processo”, disse ao portal Fapesp. Também ressaltou o trabalho do  professor Carlos Carvalho, que fazia televisitas nas UTIs de outros hospitais, orientando os médicos como reduzir o tempo de internação e a mortalidade. Lembrou ainda a ação da professora Rossana Maria dos Reis que montou uma teleconsultoria para dar assistência aos hospitais para melhorar o atendimento às gestantes com Covid-19.

No momento, Eloísa Bonfá e sua equipe se preocupam em voltar à vida normal.  O problema maior tem sido atender a demanda represada durante a crise sanitária. O público, que deixou de ir ao HC durante o isolamento social, voltou a procurar o hospital. Para dar conta do atendimento, a diretora clínica tem reorganizado o sistema a fim de normalizar a rotina hospitalar o mais rapidamente possível.

Redação

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