Transportar crianças com câncer em precárias condições sociais aos locais de tratamentos e manter o atendimento em tempos de pandemia é ação de extrema urgência

Em 1999, após perder uma filha aos cinco anos de idade com câncer cerebral, Luiz Maurício de Andrade Silva e Tatiana Piccardi fundaram a Associação Helena Piccardi de Andrade Silva (AHPAS) – que pronuncia-se “a paz” para preencher uma lacuna, um grande problema que as pessoas desconhecem, e de extrema importância para o tratamento e sobrevivência de muitas crianças e jovens com câncer: o transporte adequado e constante para as sessões de quimioterapia e tratamento hospitalar. As inúmeras crianças doentes e debilitadas pelo câncer: cadeirantes, amputadas, transplantadas da periferia da capital paulista que necessitam chegar aos centros de tratamentos e, que na maioria das vezes tem como única possibilidade o transporte público, necessitam agora nesse momento difícil da pandemia mais do que nunca, de um transporte cuidadoso e adequado.

Ingo Hoffmann, o maior vencedor do automobilismo nacional, com impressionantes 12 títulos, 60 pole-positions e 76 vitórias pela Stock Car, irá apoiar a AHPAS e participa de uma ação em prol da entidade www.ahpas.org.br. Ingo que também perdeu um filho com câncer cerebral – o mesmo da Helena – será o motorista de um dia até o importante centro de tratamento Hospital Infantil Darcy Vargas, na manhã do dia 24 de agosto. O piloto conta que conhece essa luta de perto. “Como tenho a minha própria instituição que é uma casa de abrigo para crianças com câncer, o Instituto Ingo Hoffmann, entendo ser de fundamental importância e o que significa esse transporte para as crianças e seus familiares. Apóio com prazer essa fantástica iniciativa”, explica Ingo Hoffmann que fará essa ação de urgência em apoio nessa fase difícil. O que o Luiz e a Tatiana perceberam na rotina da doença e pela necessidade de renovar o sentido após a morte da filha Helena ao fundar a AHPAS, é que a oferta do transporte diminui as chances de desistência do tratamento por dificuldades de locomoção em uma cidade de tráfego difícil como São Paulo.

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) a previsão é de 12 mil novos casos de câncer infanto-juvenil no Brasil por ano, sendo 6 mil apenas na região Sudeste e desses, grande parte irá recorrer aos centros de tratamento de oncologia pediátrica da capital paulista. Com a onda de desemprego e recessão, a previsão é de que as crianças desemparadas socialmente serão ainda mais afetadas. Outro apoio importante nesse período da pandemia: são os veículos cedidos pela Volvo Car Brasil para o trajeto de ida e volta às residências e locais de tratamentos. Desde o início da pandemia, a AHPAS conta com 6 modelos da marca sueca, um SUV XC60 e um sedan S60, usados diariamente para o transporte das crianças, beneficiando 50 famílias nesse período. O transporte dessa ação com o Ingo também será feito em um veículo Volvo.

Com a pandemia todas as formas de captação de recursos da AHPAS foram suspensas como o bazar, os eventos, e diversas ações do último semestre. A entidade reconhecida e premiada por sua credibilidade e legitimidade do trabalho que vem desenvolvendo há anos só opera por meio de doações. E o trabalho da entidade precisa ser mantido e desenvolvido para que mais crianças possam ser atendidas. “A AHPAS é uma ponte que liga uma criança com câncer da periferia de São Paulo aos hospitais especializados, por meio de transporte regular, confortável e amoroso. Resultado: diminuição das chances e desistência do tratamento por dificuldades de locomoção e, consequentemente, aumento da qualidade da adesão ao tratamento e das chances de cura”, ressalta Tatiana Piccardi, fundadora da entidade.

“O trabalho da AHPAS é fundamental porque de nada adianta ter os melhores hospitais, os melhores médicos, melhores medicamentos se o paciente não consegue chegar para o tratamento”, afirma Celso Rodrigues, presidente voluntário da AHPAS. A AHPAS também viabiliza o transporte aéreo às crianças e familiares que necessitam chegar aos grandes centros de tratamento.

Como surgiu e como funciona

A prática do trabalho da AHPAS acontece nos trajetos que realiza com as crianças e os jovens. Cada trajeto ocorre assim: o motorista (ou voluntário motorista, quando necessário) da AHPAS vai até a casa do jovem paciente em tratamento médico, em geral, localizada em favelas na periferia de São Paulo (distantes às vezes mais de 50km do centro); ajuda a acomodar o jovem no veículo; conversa com ele e seu acompanhante para deixá-los à vontade. O objetivo é fazer com que o jovem atendido fique mais alegre e disposto para o dia que se inicia. Em geral, além do motorista treinado, um voluntário devidamente sensibilizado está presente com a finalidade de tornar o trajeto mais aconchegante. É oferecido “lanchinho” (quando os trajetos são muito longos), com suco e água (o que os jovens pacientes mais consomem), travesseiros para apoio, cobertor para os dias frios, além de brinquedos, revistas e livros para entretenimento. Principalmente, oferece-se silêncio respeitoso quando o jovem está muito cansado ou indisposto, preferindo dormir ou ficar bem “sossegadinho” apoiado em seu acompanhante (em geral a mãe).

Chegando ao hospital, motorista e voluntário ajudam o jovem a desembarcar e aguardam sua liberação (depois de algumas horas) para irem buscá-lo no hospital e levá-lo de volta para casa. Nos períodos em que o jovem ou a criança faz quimioterapia é comum que fique enjoado, com vontade de vomitar. Para proporcionar-lhe o máximo conforto, há sacos plásticos e papel toalha a bordo e o carinho do voluntário e do motorista.

Porque foi fundada

Existem muitas crianças que não conseguem chegar ao local do tratamento pelo fato dos pais não terem automóvel em uma cidade como São Paulo, e tampouco recursos para aplicativos em um dos polos de tratamento de câncer do Brasil. É indispensável o transporte terrestre com conforto para garantir o acesso ao tratamento e o consequente aumento das chances de cura. É preciso evitar que muitos doentes abandonem os tratamentos por dificuldades de locomoção, o que é comum devido às dificuldades de deslocamento e à desinformação. Por isso, Luiz Maurício de Andrade da Silva e Tatiana Piccardi criaram, em

1999, a Associação Helena Piccardi de Andrade Silva – AHPAS (pronuncia-se “A Paz”!), entidade sem fins lucrativos, destinada a prestar assistência no transporte aéreo e terrestre para crianças e adolescentes com câncer em período de tratamento. Luiz e Tatiana perderam sua filha Helena, aos cinco anos de idade, vítima de câncer. A entidade surgiu, explica Tatiana Piccardi, e mãe de Helena, “da necessidade de transformar uma dor depressiva em uma dor solidária e transformadora”. Para saber mais sobre a AHPAS, visite o site: www.ahpas.org.br.

Redação

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