De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente 300 milhões de pessoas no mundo são acometidas pelo transtorno depressivo maior (depressão clássica, unipolar), que deve figurar, até 2020, entre as doenças mais incapacitantes do planeta. Na América Latina, o Brasil lidera o ranking com registros de 11,5 milhões de diagnósticos de depressão.
Bem menos comentada, porém com risco ainda maior de suicídio, a depressão que ocorre no Transtorno Bipolar acomete cerca de 6 milhões de brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Embora menos frequente que a depressão clássica, é o transtorno psiquiátrico que mais aumenta o risco de suicídio no Brasil e no mundo.
Preocupa o fato, contudo, que o transtorno bipolar costuma sofrer um atraso no diagnóstico adequado da ordem de 10 a 20 anos, sendo comumente diagnosticado como depressão clássica e tratado de forma inadequada. Trata-se de uma doença que pode ser inicialmente silenciosa, mas que tende a evoluir geralmente de forma crônica, muitas vezes com resposta inadequada ao tratamento, quando não identificada precocemente.
“O diagnóstico diferencial é crucial, uma vez que o tratamento de um quadro depressivo bipolar não diagnosticado, com medicamentos da classe dos antidepressivos e dos estimulantes pode, aparentemente, funcionar em um primeiro momento, mas tende a agravar a doença e predispor inclusive ao surgimento de novos episódios de depressão futuros”, explica Edoardo Vattimo, médico psiquiatra, conselheiro e coordenador de Comunicação do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).
Já o Psiquiatra Diego Freitas Tavares, membro da Câmara Técnica de Psiquiatria do Cremesp, alerta para o fato de que os transtornos do humor representam um problema de saúde pública. De acordo com Tavares, esses transtornos causam impactos diretos em diversos aspectos da vida diária, como pessoais, sociais e ocupacionais, sendo o correto diagnóstico diferencial fundamental para que o paciente receba os tratamentos mais adequados.
Este assunto é um dos destaques da nova edição da Revista Ser Médico, publicação do Cremesp voltada aos médicos, profissionais da saúde e à população em geral. Além de subsidiar os profissionais com informações de cunho técnico e científico, o intuito da publicação é combater a desinformação e antigos estigmas que envolvem essa especialidade, a Psiquiatria.
Entre os outros assuntos abordados estão: o contexto histórico da Psiquiatria; o suicídio e fatores a ele associados; dados estatísticos sobre alguns transtornos psiquiátricos que acometem médicos; o tratamento com a eletroconvulsoterapia (ECT) e o futuro das neurociências.
Além disso, a publicação traz ainda alguns conceitos e perspectivas relacionadas à Telemedicina, aborda o comportamento médico em eventuais emergências aéreas e uma entrevista exclusiva com um portador de transtorno do espectro autista que venceu barreiras e formou-se em Medicina.